Leia primeiro o post anterior.
A Carta Capital publicou uma reportagem que demole a casa de Pablo Capilé, o chefão do Fora do Eixo, que é a estrutura em que se ancora a tal Mídia Ninja. O texto é assinado por Lino Bocchini e Piero Locatelli. Não vi nada de errado com a reportagem em si. Ocorre que a Carta comete um pecado fundamental. Não chega a comprometer a matéria, mas há um dado que precisa ficar claro em nome da transparência.
A revista, parece-me, estaria obrigada a informar que Bocchini, que é seu editor de Midia Online, é um ex-integrante (ou parceiro, sei lá como se diz) da Mídia Ninja e já esteve muito próximo do Fora do Eixo. Não tenho como saber quão próximo porque, confesso, esses detalhes da religião inventada por Capilé me escapam.
A Carta não informou isso por quê? A meu juízo, a proximidade havida torna a voz de Bocchini ainda mais autorizada. Afinal, ele é dos que viram e viveram aquele negócio. Sim, poderia haver quem considerasse que isso o torna particularmente suspeito. Eu, por exemplo, nunca omiti dos meus leitores que fui trotskista. Ajuda ou atrapalha para que avaliem o que penso? É o tipo de julgamento que cabe ao leitor fazer. A omissão joga uma desnecessária sombra de suspeição sobre a reportagem.
Não deixa de ser divertido ler os fanáticos do Fora do Eixo a levantar nas redes sociais as hipóteses as mais estrambóticas para justificar a publicação da reportagem. Há até quem veja “desvio de direita” na Carta Capital… Ulalá! Tão logo a reportagem começou a circular, os abduzidos de Capilé deram início à difamação dos autores e da própria revista. E a Carta fez o quê? Chamou isso de tática da “direita autoritária”. É mesmo??? Coitada da direita! Apanha até quando não é ela que fica com as verbas da Petrobras ou do Banco do Brasil. A propósito: “direita autoritária” que dizer que existe uma não autoritária ou que o autoritarismo é um apanágio da direita? Mais ainda: esquerda autoritária não difama?
Laís está de volta
Laís Bellini, a moça que me odeia (é bom que fique claro!!!) e que postou no Facebook o depoimento mais horripilante sobre o Mundo de Capilé, postou uma mensagem no perfil de Bocchini no Facebook que é dos mais eloquentes. Ela me detesta, reitero, o que não a impede de levantar uma questão pertinente. Jornalistas de esquerda, alguns deles também financiados por estatais, estão cobrando do repórter que assuma a sua condição de ex-Ninja ou ex-Fora do Eixo. Vejam o que escreve, com acerto, a moça:
Acho engraçado o Renato Rovai publicar/utilizar constantemente o site da revista Fórum para publicar sobre o Fora do Eixo e também não dizer que é um Fora do Eixo. Como o Pedro Alexandre Sanches questionou o Lino Bocchini por não ter se posicionado durante a matéria que assinou como ex-Fora do Eixo, eu me pergunto se o Rovai também não deveria se posicionar como Fora do Eixo em todas as matérias que publica como jornalista sobre a rede Fora do Eixo, em todas as transmissões em que participa. Acho legal que você PAS [Pedro Alexandre Sanches], como também jornalista que é, se expresse abertamente, exponha sua crítica, mas também explicite que é também um parceiro do Fora do Eixo, assim como Rovai é e assim como Lino já foi.
Mais bizarro ainda é a Revista Fórum soltar no mesmo texto a informação sobre o protocolo de Aloysio Nunes, do PSDB, que pede esclarecimentos ao FdE com relação a verbas e afins. O parágrafo nada mais quer do que associar as denúncias e a reportagem da Carta Capital a uma suposta mobilização junto da direita, o que chega a ser um absurdo, já que os argumentos da direita não condizem com tantos diversos relatos e textos que vêm sendo divulgados de movimentos de esquerda, de mídias da esquerda e de quem tá na disputa por uma discussão de política cultural realmente descentralizada e com participação da população, sem intermediários.
Encerro
É isso aí. Não me parece que, para repudiar trabalho escravo, estelionato e apropriação indébita, as pessoas precisem ser “de direita”. Eu até acharia bacana que essa fosse uma moralidade exclusiva dos conservadores, mas não é verdade. Como também não é verdade que todo conservador rejeite essas práticas nefastas. Quando coisas assim acontecem, a ficha de muita gente cai. Há muitos inocentes, ou bobalhões, que se convenceram de que as esquerdas detêm o monopólio da virtude. Eu prefiro que gente como Laís continue do lado de lá, odiando os conservadores. Quem sabe, ao combater, lá entre eles, as práticas deletérias que ela denunciou, ajude a tornar a esquerda um pouquinho melhor, né? Mas isso é lá com eles. Prometi três posts sobre essa história, mas acho que vou escrever quatro. O mais importante ficará para a madrugada. Daqui a pouco, mais um.