Partidecos de extrema esquerda como PSTU, PCO, PSOL e bichos ainda mais exóticos — especialmente no meio universitário —, gostam de posar de independentes. Alguns deles têm a ousadia verdadeiramente revolucionária de chamar Dilma Rousseff de “direitista e neoliberal”. Em seus blogs e sites, distribuem pernadas a três por quatro. Alguns chegam a jurar que não vêem diferença entre o PSDB e o PT, ambos empenhados apenas em garantir a remuneração do capital, em detrimento dos trabalhadores que esses esquisitos supostamente representam. Os ditos trabalhadores, evidentemente, nem sabem que eles existem. Mas não nos enganemos: na prática, essa gente é boca de aluguel do petismo e, indiretamente, é financiada pela nave-mãe, de onde todos surgiram — ou, ao menos, por onde todos passaram.
O PSTU, na origem, era uma corrente que ajudou a criar o PT: a Convergência Socialista. Conheço bem porque fui um “convergente” quando criança. Vocês sabem: como dizia o apóstolo Paulo, “quando eu era menino, sentia como menino, falava como menino, discorria como menino…” Mas cresci. Se há velhos falando como meninos no que respeita à ideologia, ou são idiotas ou são pilantras. A CS se integrou ao partido e depois foi expulsa. O mesmo aconteceu com o PCO. Já o PSOL foi uma derivação heloíso-helêno-teratológica do partido, um ajuntamento esquisito que tinha um pé no marxismo e outro no cristianismo. Nem Heloísa Helena agüentou e deixou a legenda. Aí o partido decidiu ficar com os quatro pés no marxismo rudimentar mesmo.
Aqui e ali, esses partidos compram briguinhas com os petistas pelo controle de alguns sindicatos, de centros acadêmicos e coisa e tal. Se duvidar, disputam velório, festa de aniversário e baile de debutantes. Só o PSOL consegue alguma expressão parlamentar, mesmo assim ridícula. Mas ajudam a criar um clima favorável ao petismo — no fim das contas, é para onde todos convergem.
O PCO, por exemplo, tem o controle de uma parte do movimento sindical nos Correios. É quem estava por trás da greve que criou contratempos por uns dias para milhões de brasileiros e é hoje um dos grupelhos mais radicais da USP. O PSTU tem a sua própria central sindical — inexpressiva — e, pasmem!, até uma “UNE” alternativa, na qual a Arielli (aquela, sabem?, do close buco-ideológico) é manda-chuva. Para eles, hoje, o PT também é burguês — ou quase isso.
Lula é de uma estupenda ignorância, mas de uma rara inteligência. Já declarou mais de uma vez que esses grupos de extrema esquerda e os movimentos sociais mais radicais são importantes para que o PT lembre sempre de sua origem, para que o partido nunca perca de vista o seu horizonte utópico (socialista, claro…).
Os petistas não estiveram na linha de frente da baderna na USP, por exemplo. Nos seus fóruns de alunos e professores — tive a chance de ler algumas trocas de mensagens, que me foram enviadas —, deixavam claríssimo que os extremistas cumpriam um “importante papel para desmoralizar Rodas e o governo Alckmin”, como sintetizou um deles. E sem que eles próprios precisassem aparecer promovendo o quebra-quebra. O mesmo vale agora para o Pinheirinho.
Quem armou a confusão, impediu uma solução pacífica, criou até a sua própria tropa-de-choque? O PSTU! O PT ficou à beira do lago esperando as vítimas, como os crocodilos espreitando os gnus, naquele filme já clássico… Criado o confronto, então entraram em campo, com ordem unida, Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo… Todos para demonizar a Justiça, o governo de São Paulo e a Polícia Militar.
O PT botou pra fora essas tendências todas porque elas se negavam a obedecer às ordens do comando. São mais úteis fora da nave-mãe. Para todos os efeitos, os petistas hoje não promovem confrontos no Pinheirinho ou na USP. Os extremistas fazem isso por eles, que entram só na hora de colher dividendos.
Com um sindicato aqui, outro acolá mais a verba do fundo partidário, esses grande revolucionários fazem o trabalho sujo para o PT e podem garantir a seus próprios dirigentes uma confortável vida burguesa. A burguesia do capital e, se possível, do sangue alheios.