Em 1932, no auge da depressão econômica que tomava os Estados Unidos, os eleitores foram às urnas e escolheram o democrata Franklin Delano Roosevelt para comandar o país pelos quatro anos seguintes. No mesmo pleito, deram maioria ao partido do novo presidente nas duas Casas do Congresso. Ao fazer isso, promoveram o que os cientistas políticos chamam de “eleição de realinhamento”, criando uma era que durou até 1968.
Das urnas saiu uma nova coalizão de forças, formada principalmente por eleitores das grandes cidades, sindicalistas, judeus, católicos e o Sul branco. Há dúvidas sobre quando e se aconteceu a próxima “eleição de realinhamento”. Muitos acham que sua semente é de 1968, com a vitória de Richard Nixon, e que ela se consolidou em duas fases: a eleição de Ronald Reagan, em 1980, e a conquista do Congresso pelos republicanos em 1994.
Em 48 horas, os americanos vão às urnas de novo. Diante deles, mais do que duas opções diferentes de nomes, estão dois destinos diferentes para o país.
A eleição do senador democrata Barack Obama, 47, pode vir a ser uma nova “eleição de realinhamento”, o que indicaria que os EUA estão prontos para mudar -de verdade, não apenas como no slogan do candidato- de novo a guarda do poder. Fariam isso embalados pela pior crise econômica desde Roosevelt e após oito anos do desastre que tem sido o comando de George W. Bush.
Para Ruy Teixeira, do Instituto Brookings de Washington e co-autor de “Emerging Democratic Majority” (Maioria Democrática Emergente, Scribner, 2002), “os índices demográficos estão se movendo nessa direção”. O estudioso acha que os democratas vêm construindo uma maioria na população nos últimos anos que encontra condições ideais para aflorar agora.
A eleição do republicano John McCain indicaria que o americano médio acha que ainda é cedo para uma mudança tão radical e que o momento é de um governo de transição. Nesse sentido, o senador de 72 anos é o candidato ideal: politicamente independente, desafeto do colega de partido George W. Bush, ele sugere que ficaria só quatro anos no poder, sem tentar se reeleger em 2012.