Eles têm a idade que os barbudos tinham quando desceram com Fidel Castro a Sierra Maestra – e a mesma sede de liberdade. São os jovens cubanos em luta contra a miséria moral e material da ditadura comunista. Suas armas são blogs, festas punk e hip-hop
Por Duda Teixeira, de Havana, na VEJA:
Adalberto Roque/AFP |
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As ruas de Havana Velha estão sempre cheias de turistas que, depois de tomar seu mojito na Bodeguita del Medio, vão aos ambulantes comprar camisetas de Che Guevara, charutos desviados das tabacarias estatais e comprimidos clandestinos de PPG, droga derivada da cana-de-açúcar receitada para controlar o colesterol e tida como afrodisíaca. Quem se aventura além dessa vitrine de produtos típicos do socialismo cubano encontra a Cuba real dos cortiços superlotados e caindo aos pedaços. A Cuba das panelas vazias, do medo e da delação. Mas também a Cuba da resistência jovem à ditadura comunista.
“Abaixo Fidel” |
Ao cruzar a porta de um desses cortiços, no topo de uma escada íngreme e precária, chega-se à cozinha, onde um jovem tecla em um notebook Compaq cujo peso e tamanho denunciam sua antiguidade tecnológica. Ao lado do computador, colado na mesa, há um adesivo com a bandeira de Cuba, o símbolo da arroba e a expressão “Internet para todos”. Na gerontocracia dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que governam a ilha há 51 anos, o acesso à web é restrito a certas repartições públicas, hotéis, embaixadas e às casas dos chefões do regime. Fora dos círculos privilegiados da nomenklatura castrista, a internet é, digamos, manual. O velho Compaq está com sua memória cheia de arquivos com reportagens de jornais espanhóis e americanos, músicas de protesto e blogs feitos por cubanos na ilha e no exílio. Essa biblioteca digital, considerada subversiva pela ditadura comunista, é enriquecida semanalmente por pen drives que passam de mão em mão, de porta USB a porta USB, abrindo uma trilha digital de liberdade em meio à selva da opressão comunista.
“59, o Ano do Erro” |
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