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Reinaldo Azevedo

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Crise elegeu socialista na França, assim como elegeu conservadores em Portugal e na Espanha

Leitores pedem que eu comente o resultado da eleição francesa — e há até os bobinhos que acham que estou tristíssimo com a derrota de Nicolas Sarkozy. Se o meu objetivo fosse caçar motivos para insatisfações políticas, não precisaria buscá-los na França… Que tolice! Já admirei Sarkozy mais do que hoje — e já escrevi aqui […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 08h56 - Publicado em 7 Maio 2012, 07h01

Leitores pedem que eu comente o resultado da eleição francesa — e há até os bobinhos que acham que estou tristíssimo com a derrota de Nicolas Sarkozy. Se o meu objetivo fosse caçar motivos para insatisfações políticas, não precisaria buscá-los na França… Que tolice! Já admirei Sarkozy mais do que hoje — e já escrevi aqui sobre o desencanto. Divido seu tempo no poder em dois momentos: antes e depois de se tornar uma celebridade, o marido de Carla Bruni. Mostrou-se um tanto deslumbrado e andou desrespeitando certos rituais do homem público, ao tentar, por exemplo, fazer do filho um misto de gênio político e de negócios. É evidente que acho que ainda era o melhor para o seu país no que diz respeito às ideias — nem eu nem os franceses sabemos direito quais são as de François Hollande. Algum tempo na oposição fará bem aos conservadores franceses. Os socialistas estão longe da Presidência há 24 anos. A democracia consolidada, como é a francesa, convive bem com a alternância no poder. Os totalitários daqui é que se dedicam à criminalização do dissenso. Na França, é o sal da política.

O resultado era esperado. Foi mais um governo europeu colhido pela crise. Por enquanto, só Angela Merkel se segura bem no cargo porque a economia da Alemanha tem sobrevivido bem a terremoto. Os governos de turno no momento em que o tsunami colheu o continente arcaram com o peso da crise: os socialistas cederam lugar aos conservadores na Espanha e em Portugal, por exemplo; na França, deu-se o contrário. Eis o lado bom da democracia.

Há turbulências no horizonte. Hollande já estreou afirmando que vai cortar 30% do próprio salário. Huummm… Vamos ver. O que isso muda? Nada! Ah, mas é um gesto demonstrando que pretende ser austero nos hábitos políticos”… Sei. Mostra-se um adversário do corte de gastos porque acha que isso aprofunda a crise. Está na contramão do pensamento influente na área econômica da União Europeia, liderada pela Alemanha. A convivência certamente será menos pacífica do que com Sarkozy… Vai dar certo?

Hollande também chega com um dos velhos truques das esquerdas, as contemporâneas, que consiste em esconder a falta de um programa econômico com uma agenda liberalizante nos costumes: casamento gay, adoção de crianças por gays etc. e tal. Conquistar as franjas dessa militância politicamente correta, muito influente na imprensa e nas redes sociais, ajuda a compor o perfil do governante moderno… Também deve acenar com alguma concessão a imigrantes. Ocupará espaço no noticiário se fazendo suposto representante das luzes, em contraste, como gostavam de considerar alguns, com o dito “reacionarismo” de Sarkozy.

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Eu, na verdade, duvido que ele vá tentar emplacar uma agenda muito distinta da do seu adversário. Os acordos da União Europeia não dão espaço para muita criatividade. Se a economia do continente se recuperar no curso de seu mandato, virão alguns bons anos de Partido Socialista pela frente. E isso, por óbvio, se decide mais na Alemanha do que na França.

Vamos ver. Qualquer racionalista diria que a União Européia foi feita para não funcionar. Povos locais decidem que governo querem ter e com qual inclinação, mas um único organismo — onde a Alemanha dá as cartas porque a economia lhe faculta essa licença — decide que política econômica esses povos terão.

Texto originalmente publicado às 3h47 desta segunda

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