Por Rafael Moraes Moura, no Estadão:
Afrontada pelo Palácio do Planalto, a Comissão de Ética Pública da Presidência deve entregar na segunda-feira à presidente Dilma Rousseff o processo que pediu a exoneração do ministro Carlos Lupi (Trabalho). Dilma decidiu dar sobrevida ao ministro, apesar da sucessão de denúncias envolvendo o nome e a pasta do pedetista – e confrontando recomendação da comissão.
“Não darei declarações sobre o tema antes de responder à presidente da República, o que pretendo fazer na segunda-feira”, disse ontem o presidente da comissão, José Paulo Sepúlveda Pertence, após encerramento de seminário em Brasília sobre ética na gestão. Por determinação de Dilma, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) encaminhou ofício solicitando esclarecimentos à comissão.
Na última quarta-feira, a Comissão de Ética Pública recomendou, por unanimidade, a exoneração de Lupi. Em relatório, a conselheira Marília Muricy sustenta que a “enxurrada de denúncias” no Ministério do Trabalho abala “a administração pública federal como um todo”.
“A conduta do sr. Carlos Lupi, seja por suas inquestionáveis e graves falhas como gestor, seja pela seja pela irresponsabilidade de seus pronunciamentos públicos, não se coaduna com os preceitos éticos estabelecidos pela alta administração federal”, destaca o relatório. Questionada se mantinha o tom do relatório, a relatora disse: “Palavra por palavra, vírgula por vírgula, ponto e vírgula por ponto e vírgula”.
Para Marília Muricy, Dilma não desafia a comissão. “A presidenta não está subordinada à comissão. Ao contrário, a comissão é criada por decreto presidencial, os membros são nomeados pela presidenta da República e a Comissão de Ética assessora a Presidência”, disse.