CARTAXO E AS PALAVRAS
A propósito da interferência do governo na Receita, a entrevista do novo secretário, Otacílio Cartaxo, à Folha de hoje é emblemática. Indagado se Iraneth Weiler, chefe de gabinete de Lina e agora sua, fica no cargo, ele respondeu, sorrindo (de quem ou do quê?): Não faça essa pergunta difícil [risos]. Pelo amor de Deus. Você […]
A propósito da interferência do governo na Receita, a entrevista do novo secretário, Otacílio Cartaxo, à Folha de hoje é emblemática. Indagado se Iraneth Weiler, chefe de gabinete de Lina e agora sua, fica no cargo, ele respondeu, sorrindo (de quem ou do quê?):
Não faça essa pergunta difícil [risos]. Pelo amor de Deus. Você quer me criar uma dificuldade. Vai ter o depoimento na CPI, ninguém sabe quais as repercussões, se esse caso vai se encerrar. É melhor eu cuidar do meu trabalho. O pessoal da Receita veio me parabenizar nesta semana e eu disse: “Olha, aqui tem duas coisas que a gente precisa: muito trabalho e muita reza”.
Comento
A resposta é dele e, desse exclusivo ponto de vista, não é certa nem errada. No que concerne ao interesse público, é errada. E só há uma certa: “Isso é simples: se ela não cometeu erro, fica; se cometeu, não fica”.
“Não me faça pergunta difícil” indica que ele não é livre para decidir em nenhuma hipótese. Um secretário que não consegue escolher sua chefe de gabinete conseguirá resistir se alguém tentar enfiar a mão grande na Receita?
Limito-me a escrever o que suas palavras significam segundo a mais rigorosa denotação.