Campos lança candidatura própria em Recife. Movimento combinado com direção do PT busca ameaçar atual prefeito com a solidão e a cristianização
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), informa Vera Magalhães na Folha Online, decidiu dar por encerradas as negociações com o PT em Recife e anunciou que o partido terá candidato próprio à Prefeitura. É para valer? É para valer se o PT local não resolver a sua crise. João da Costa, atual prefeito, que […]
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), informa Vera Magalhães na Folha Online, decidiu dar por encerradas as negociações com o PT em Recife e anunciou que o partido terá candidato próprio à Prefeitura. É para valer? É para valer se o PT local não resolver a sua crise. João da Costa, atual prefeito, que pertence ao partido, venceu as prévias na disputa com Maurício Rands, que era secretário de Campos e tinha o apoio do governador. A Executiva Nacional do partido interveio e decidiu que o candidato não seria nem Costa, o João, nem Rands, mas outro Costa, o Humberto, hoje senador. O prefeito não aceitou a solução e decidiu recorrer à direção nacional.
Já expus aqui os bastidores da disputa petista, que nasce de uma desavença por causa de contratos para a coleta de lixo. Mas não é só: o atual prefeito é um desafeto do governador, que não aceita apoiá-lo de jeito nenhum. Tanto a direção nacional quanto o líder do PSB têm seus motivos para querer João da Costa fora da disputa.
A decisão de Campos é pra valer? É pra valer a depender do que faça o PT. Se Costa vencer o braço de ferro no partido, o PSB terá candidatura própria. Nesse caso, o mais provável é que setores do PT acabem cristianizando o nome do partido em favor do escolhido pelo governador. Não esperem, por exemplo, Rands, o ex-prefeito João Paulo ou mesmo Humberto no palanque de João.
Esse, mais do que qualquer outro fator, pode levar o atual prefeito a desistir de sua postulação. Ainda que a máquina da Prefeitura seja forte, ele não teria como enfrentar a do Estado, ainda mais se estiver sendo sabotado por pessoas de sua própria legenda. Intuo até que o movimento de Campos seja combinado com a direção nacional do PT e com quem manda de fato: Lula.
Em São Paulo, por exemplo, o apoio do PSB é vital para a candidatura de Fernando Haddad (PT). Embora os socialistas sejam aliados de Gilberto Kassab na Prefeitura e de Geraldo Alckmin no governo do Estado, ficarão com o petista. Campos cede a um apelo pessoal de Lula. Em troca, em Recife, terá o suporte das fatias do petismo que não querem João da Costa, pouco importa quem seja seu candidato.
A movimentação do governador tem um objetivo imediato: ameaçar João da Costa com a solidão e a cristianização. E, se querem saber, são argumentos fortes o suficientes para que o prefeito pense em desistir de seu pleito, sendo, assim, esmagado por duas máquinas: a do governo do estado e a do seu próprio partido.
Pois é… Parece que naquele conflito sobre a coleta de lixo, João da Costa escolheu o lado errado… Em matéria de lixo, é bom nunca duvidar da expertise da direção nacional do PT.