Miriam Leitão é uma jornalista de economia de grande e justa credibilidade. Concorde-se ou não com o que ela diz — e já acertou e errou em grandes proporções —, trata-se de uma mulher inteligente e informada. Mas isso não faz dela uma especialista em meio ambiente, por exemplo; tampouco torna universais e inquestionáveis as suas paixões. Odeia e ama, como todos nós. Eu também.
Aqui e ali tenho lido textos referindo-se à proposta de Aldo Rebelo (PC do B) de mudanças no Código Florestal como potencializadora de desastres como o ocorrido na região serrana do Rio. Sucessivas reportagens da Folha também insistem na questão. Tenho cobrado aqui que jornal e jornalista demonstrem o que dizem: qual trecho do relatório de Rebelo justifica suas respectivas afirmações? Silêncio! Nada! Vazio! A razão é simples: a afirmação é falsa. O código não trata de ocupações urbanas — remete a questão para leis específicas.
Um e outra não devem satisfações a mim, é evidente, mas aos fatos e a seus leitores. Parecem evitar a literalidade do texto porque isso exporia o que não passa de interpretação livre, ditada pelo viés militante. Conheço médicos, juristas e engenheiros cuja expertise está acima de qualquer suspeita. Mas eu jamais lhes cobraria um juízo isento de um jogo de futebol, por exemplo.
Toda paixão é o elogio do irracionalismo. No amor e nos esportes, é fonte de prazer e graça. Quando se trata de discutir uma lei que tem óbvios desdobramentos sociais, só a razão contenta. E a verdade é que o código não traz o que andam dizendo que ele traz.
Sugiro aos coleguinhas que, em vez de comprar versões de segunda mão, leiam o texto original. E só para encerrar: “E você, Reinaldo? Descobriu a fonte da razão por acaso?” Não! Mas uma coisa é certa: não falsifico um fato, ou um texto, para justificar minhas paixões, por mais benévolas que pretendam ser.
Eu e milhares de leitores respeitosos da Folha e de Miriam Leitão aguardamos as evidências. Se elas existem, não é possível que nos soneguem informação tão preciosa. Não as havendo, então é o caso de admitirem que comprarem gato por lebre da “ecologice juramentada”.
PS – A propósito: Marina Silva vai perder esse bonde, ou fui eu a perder a sua a sua predição escatológica?
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