As contas perturbadas do presidente do Ipea
Na Folha de S. Paulo. Volto depois: Dois meses após ter chamado, em seu discurso de posse, o Estado brasileiro de “raquítico”, o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, divulgou ontem dados para sustentar que o setor público paga salários inferiores aos da iniciativa privada, ao contrário do apontado pela grande […]
Dois meses após ter chamado, em seu discurso de posse, o Estado brasileiro de “raquítico”, o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, divulgou ontem dados para sustentar que o setor público paga salários inferiores aos da iniciativa privada, ao contrário do apontado pela grande maioria dos estudos sobre o tema. O trabalho coordenado por Pochmann, porém, não poderá ser usado com propriedade pelo governo Lula para defender a política de expansão de seus gastos com pessoal: as conclusões do texto só se mantêm de pé porque as contas excluem a maior parte do funcionalismo e incluem servidores dos Estados e prefeituras, que puxam para baixo a média salarial. Em termos absolutos, a superioridade dos salários pagos pelo Estado é evidente. O próprio boletim do mercado de trabalho do Ipea mostra que a média mensal na iniciativa privada é de R$ 1.007, contra R$ 1.729 no setor público. Na administração direta federal, segundo dados oficiais, o valor sobe a R$ 5.336.
Voltei
Fiquem de olho nesse estudioso. Ele conseguiu granjear uma reputação muito acima da média petista, mas é, inequivocamente, um deles. A sua capacidade para produzir estatísticas sempre me impressionou muito. É fonte de um monte de colunistas que atacam o suposto “neoliberalismo” brasileiro. Pochmann é um teórico, como dizer?, neogetulista. Fez carreira como crítico feroz de uma suposta destruição das relações de trabalho — leia-se: quer manter a CLT como está. E também é defensor, como se vê, de uma tese difusa de fortalecimento do estado. Em petês, isso significa que você vai pagar a conta.