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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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A tentativa canhestra de derrubar relator do Código Florestal. Ou: Vamos nos alimentar de luz e de carne de elefante. Ou: A pistolagem ideológica contra os produtores rurais

Há um limite para o ridículo. E ele foi ultrapassado hoje pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Na tentativa de depor o relator do Código Florestal na Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG), Alencar resolveu transformar em denúncia uma informação que é de caráter público: boa parte (41,7%) das doações de campanha de Piau está ligada ao agronegócio. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h01 - Publicado em 24 abr 2012, 21h05

Há um limite para o ridículo. E ele foi ultrapassado hoje pelo deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Na tentativa de depor o relator do Código Florestal na Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG), Alencar resolveu transformar em denúncia uma informação que é de caráter público: boa parte (41,7%) das doações de campanha de Piau está ligada ao agronegócio. Isso, segundo o socialista, impediria o deputado de ser o relator da matéria. É mesmo? Leiam o que informa Denise Madueño no Estadão Online. Volto em seguida.
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Com base no Código de Ética da Câmara, o líder do PSOL na Câmara, deputado Chico Alencar (RJ), pediu formalmente ao presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), a destituição do relator do projeto do Código Florestal, deputado Paulo Piau (PMDB-MG). Depois de pesquisa feita na lista de doadores de campanha de Piau, o líder afirmou que o relator recebeu R$ 990 mil, quase a metade do total, de grandes produtores rurais. Para Alencar, Piau deveria se declarar impedido de relatar o projeto.

“A cabeça do relator está pensando de acordo com o lugar onde os pés pisam”, disse Alencar. “Quase metade, ou seja, 41,7% dos R$ 2.380.528,47 que o deputado declarou ter recebido em sua última campanha vieram de setores vinculados aos grandes produtores rurais”, continuou o líder. Alencar citou o artigo do Código de Ética que afirma ser contra o decoro parlamentar “relatar matéria de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”. Segundo Alencar, esse artigo se aplica ao relator Paulo Piau.

“É de fundamental importância que o deputado relator aja com imparcialidade, primando por princípios que norteiam a atuação dos agentes públicos, previsto inclusive na Constituição Federal”, completou Alencar.

Voltei
É uma piada! O pior é que uma estultice como essa corre o risco de colar, não é mesmo? Um sindicalista não pode ser relator de matérias que digam respeito aos trabalhadores ou à sua categoria profissional? “Sindicatos não podem financiar candidatos!” Ah, sei… Mas podem fazer doações estimáveis em dinheiro,  como aderir a candidaturas e convidar candidatos para manifestações públicas, como habitualmente fazem. Pensemos ainda um pouco mais.

Candidatos que recebam doação dos setores industriais, comerciais ou de serviços estariam impedidos de relatar matérias que dissessem respeito a essas áreas. Pessoas eleitas pelo lobby ambiental não poderão tratar do assunto no Congresso?

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Olhem aqui: eu já afirmei que o melhor teria sido Piau botar para votar o texto saído do Senado, com uma alteração ou outra. Acho que essa mudança que ele fez pode representar um tiro pela culatra. Contra o “ruralismo”? Não! Contra o bom senso. O onguismo ambientalista, ricamente financiado por ONGs estrangeiras, está doido para melar o processo porque não gosta do texto que saiu do Senado. Assim, acho que Piau não foi exatamente prudente ao propor algumas alterações. Não o conheço. Não sei direito qual é a sua biografia e nem vou procurar agora porque é irrelevante para este texto. Tentar desqualificá-lo como relator porque ele tem origem na produção rural é preconceito digno de um partido que, afinal, diz querer conciliar socialismo com… liberdade!!! É mais ou menos como propor a união de Deus com o capeta em busca do bem comum.

Dada a importância que o agronegócio tem no Brasil — segurou sozinho sucessivos superávits na balança comercial e ainda é a principal âncora da estabilidade brasileira, além de grande empregador —, é impressionante que seja alvo permanente disso que chamarei “pistolagem ideológica”, que encontra, infelizmente, acolhida na imprensa. Os produtores têm de provar todos os dias que não bandidos porque disso os acusam ambientalistas, índios, quilombolas e aquela turma de descolados do miolo mole, rabinho de cavalo e ar de quem viu “a” coisa…

É uma pena a gente não contar com um simulador de realidades, não é? Eu adoraria ver o país realizando o utopia desses bananas. Querem reserva indígena? Tomem! Querem mais reservas ambientais? Levem! Querem destruir áreas plantadas e pastagens para deixar crescer o mato? Pois não! Que se reduzam os hectares destinados à produção de alimentos no Brasil à metade do que é hoje. O mercado se encarregará de pôr preço na carne, no arroz, na soja, no feijão, no milho… Ele é implacável: mais oferta, o preço cai; menos, o preço sobe.  O lucro do produtor continuaria o mesmo. Talvez até subisse.

Quando o país estivesse quebrado pela escassez de alimento, a gente mandaria a turma bater às portas da Marina da Silva. Ela recomendaria, creio, que o povo se alimentasse de luz. Ou, então, às portas do Greenpeace. O grupo levaria os esfomeados para passear de lancha. Ou às portas da WWF. O rei da Espanha, presidente honorário da ONG, poderia nos dizer candidamente: “Não há arroz e feijão? Comam carne de elefante!”

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