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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A mais recente Batalha de Itararé do Twitter: “Reinaldo Azevedo X Miguel Nicolelis”. Ou: Gregório de Matos pra ele!

Eu, hein!? Como é vaidoso esse Miguel Nicolelis, o neurocientista! Escrevi ontem um post sobre o midiático exoesqueleto de Miguel Nicolelis — aquele seu projeto que custou R$ 33 milhões só em recursos públicos. Deixei claro que não sou especialista no assunto, nem mesmo um leitor dedicado da área. Falta-me tempo, infelizmente. Quem leu o meu […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h40 - Publicado em 13 jun 2014, 18h31

Eu, hein!? Como é vaidoso esse Miguel Nicolelis, o neurocientista! Escrevi ontem um post sobre o midiático exoesqueleto de Miguel Nicolelis — aquele seu projeto que custou R$ 33 milhões só em recursos públicos.

Deixei claro que não sou especialista no assunto, nem mesmo um leitor dedicado da área. Falta-me tempo, infelizmente. Quem leu o meu texto vai constatar que lamentei apenas o excesso de apelo midiático do neurocientista e seu modo, digamos, heterodoxo de fazer as coisas, negando-se a submeter suas descobertas a seus pares, a publicar suas conclusões em órgãos especializados, essas coisas. E fiz votos de que, um dia, suas descobertas estejam à altura de sua buliçosa figura.

Ele ficou zangado. E respondeu no Twitter. Parece ser meu leitor habitual, tanto é que chega a ter uma avaliação sobre o meu trabalho. Leiam.

nicolelis-tweet

Como responder? Penso numa poesia do poeta baiano Gregório de Matos, por exemplo:
É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

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É planta, que de abril favorecida,
Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza
Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza:

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa
De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?

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É possível que Nicolelis seja mesmo um gênio da raça — e basta ler meu post original para constatar que não pus em dúvida sua competência técnica. Pergunto, isto sim, por que ele resiste tanto em, digamos, compartilhar os dados científicos já firmados de suas, vá lá, descobertas. Acho que cabe, até porque manipula uma soma considerável de dinheiro público, responder a algumas dúvidas que estão postas sobre os horizontes e amanhãs com os quais ele acena.

Eu estou pouco me lixando se ele é petista ou não; se é petista de alma ou de oportunidade; se é de esquerda ou de direita… Conheço esquerdistas agradabilíssimos e inteligentes, por mais que os considere equivocados; conheço liberais com quem odeio tomar um simples café. Eu estou questionando procedimentos. Não quero desqualificar Nicolelis, como ele faz com o meu trabalho. Ao contrário: confiando que seu trabalho é sério, acho que ele ganharia se seguisse procedimentos razoáveis.

Mas aí entra a vaidade, né?

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Dizem que ele saiu atirando contra outras pessoas e publicações. Parece que a “Piauí” também virou um de seus alvos. Todos os que leem meu blog e a Piauí sabem que pertencemos, como diz uma amiga, a “enfermarias” diferentes. Há outros desafetos de Nicolelis com os quais não tenho também a menor intimidade.

Uma coisa é certa: o homem tem faro para a polêmica. Não mudo os meus votos: espero que, um dia, suas descobertas estejam à altura de sua capacidade de gerar notícia.

Não se esqueça, Nicolelis: “Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?”.

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