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A Economist e o jihadismo no Norte da África. Ou: Obra de Obama, Sarkozy e Cameron, os três trapalhões

Caro leitor, quando, às vezes, acontece uma porcaria qualquer no mundo (ou no Brasil), e eu, aqui, escrevo algo como “eu bem que avisei”, não o faço por jactância, não, ou para demonstrar que sou espertinho… É que os meus “aviseis” quase sempre se referiam a eventos vindouros que eram… lógicos. Apanhei muito de alguns […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 07h00 - Publicado em 25 jan 2013, 07h13
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  • Caro leitor,
    quando, às vezes, acontece uma porcaria qualquer no mundo (ou no Brasil), e eu, aqui, escrevo algo como “eu bem que avisei”, não o faço por jactância, não, ou para demonstrar que sou espertinho… É que os meus “aviseis” quase sempre se referiam a eventos vindouros que eram… lógicos.

    Apanhei muito de alguns leitores habituais do blog porque afirmei que Barack Obama, Nicolas Sarkozy e David Cameron estavam fazendo uma besteira monumental na Líbia. Não reconheço a existência de uma “Primavera Árabe”; acho que isso é uma ilusão tola da imprensa e de intelectuais ocidentais. Mesmo assim, observava à época que a questão líbia era de outra natureza. Preocupava-me, especialmente, o fluxo de jihadistas para tentar derrubar Kadafi em parceria com a… Otan!!!

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    Pois bem… Obama, Sarkozy e Cameron conseguiram: incendiaram o norte da África. No momento, diga-se, o Ocidente se esforça para entregar a Síria aos jihadistas. É matéria de fato, não de gosto.

    A Economist desta semana chega aonde eu havia chegado desde que a crise líbia começou. Alerta para o fato de que o jihadismo se espalha pelo norte do continente africano. Diz que nem por isso o Ocidente deve deixar aqueles países à sua própria sorte — o que eu também acho. Leiam trecho do que publica a VEJA.com.
    *
    Na semana passada, um sequestro de centenas de funcionários em uma usina de gás da cidade de In Amenas, na Argélia, chamou a atenção do mundo a evolução da ameaça terrorista na região. O atentado, atribuído ao grupo islâmico Batalhão de Sangue, foi considerado uma reação dos rebeldes ao apoio do governo argelino à intervenção francesa no Mali. No início desta semana, um representante de Mokthar Belmokthar, o terrorista que comandou o ataque à usina, fez ameaças à França, considerando o ataque ao complexo como um “sucesso” e prometeu mais ações contra os ocidentais no futuro. Análises publicadas na imprensa internacional mostram que o perigo é ascendente e que o assunto é, cada vez mais, de interesse global.

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    A revista inglesa The Economist lembra que os “ecos” do Afeganistão soaram no início do mês, quando as forças francesas iniciaram a intervenção contra o terrorismo islâmico no Mali, e na última semana, quando um dos grupos que atuam no país norte-africano liderou o sequestro de centenas de pessoas, muitas delas ocidentais, no campo de gás na Argélia. “Após 11 anos travando guerras contra o terror no Afeganistão e no Iraque, quase 1,5 trilhões de dólares em custos diretos e centenas de milhares de vidas perdidas, os ocidentais sentem que aprenderam uma dura lição. Estão mais convencidos do que nunca de que mesmo a intervenção estrangeira mais bem intencionada acaba mergulhando seus soldados em guerras intermináveis contra inimigos invisíveis para ajudar habitantes ingratos”, diz o texto.
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    Intervenção
    Porém, a reportagem ressalta que seria ingênuo pensar que a instabilidade que se estende da Somália e do Sudão, no leste, até o Chade e o Mali, no oeste, seria “mais um Iraque ou Afeganistão”. Para a revista, as lições dessas guerras não devem desencorajar os estrangeiros a ajudar a acabar com conflitos perigosos como o do Mali. “Embora qualquer intervenção sempre venha acompanhada de riscos, na África ela não precisa ser tão longa, nem tão desacreditada”, diz a Economist. Vale lembrar que na África um grande e crescente número de muçulmanos não são alinhados com o jihadismo. Mas, no longo prazo, o Saara só vai ficar mais estável quando se tornar próspero. E o Ocidente pode estar cometendo um grave erro se evocar as dificuldades da intervenção como uma desculpa para abandonar a população local.

    O norte da África é um grande produtor de petróleo e gás. Fechar empresas na região seria uma grande perda para os ocidentais – uma das razões que levaram François Hollande a enviar suas tropas ao Mali, além de proteger pelo menos 6.000 franceses que moram ali. Além disso, se os jihadistas já lutam para implantar uma campanha de terror sobre a Europa e os EUA, isso pode se acentuar se um dia conseguirem controlar os recursos naturais da região inteira. “O melhor é mantê-los no deserto”, afirma a Economist.
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    Ameaça global
    Neste momento, destaca a Economist, a ameaça direta dos jihadistas do norte da África é predominantemente local. Mas é sabido que os terroristas espalhados pelo mundo tentam radicalizar os jovens muçulmanos, que buscam inspiração em redes como a Al Qaeda, dando às suas queixas locais uma amplitude muito maior, baseada em ideais extremistas. Uma vez criada, essa proximidade incentiva a replicação da mensagem de hostilidade ao Ocidente e seus amigos da própria África. Consequentemente, os muitos serviços de segurança mal treinados na região podem acabar alimentando a insurgência com sua brutalidade. “Ao longo de anos, uma insurgência islâmica radicalizada, armada e treinada pode trazer danos imensuráveis para uma parte frágil do mundo.”

    Segundo a agência Stratfor, atualmente a Líbia é o país da região com mais riscos de sofrer atentados. “A Líbia é o estado mais fraco nas regiões do Magreb e Sahel”, diz a agência, destacando como problemas a quase total ausência de controles de fronteira e serviços de inteligência e a presença de diferentes grupos jihadistas na região, junto com grupos armados subnacionais, etnicamente alinhados, “todos competindo pela defesa do território, pela pilhagem de armas e se vendendo pelo maior lance”.
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