Nelma Kodama dedica alguns trechos do seu livro A Imperatriz da Lava-Jato, Matrix Editora, para falar de José Dirceu. Segundo ela, o ex-ministro petista ainda se comportava na cadeia como se fosse autoridade. “Lá ele ainda agia como ministro, dentro de suas possibilidades. Um dia, ele me mandou recolher suas roupas do varal. Retruquei, claro. Disse a ele: ‘Peraí, eu não recolho nem as do meu ex-marido, vou recolher as suas? Ô, senhor ministro! Se liga, mano!’”, relembra Nelma. “Naquele dia, percebi pela expressão dele que o impressionei. Certamente, ele ficou em choque com a minha resposta”, complementa.
A doleira ainda registra no seu diário de cárcere: O João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, e o José Dirceu me chamavam de imperatriz. E nós chamávamos o Dirceu de ministro. Faz uma semana que o ex-ministro chegou; é disciplinado nos seus exercícios, corintiano, na sua refeição come tudo sem sal, tem a pressão alta. Hoje deu 17 x 10. Ele é educadíssimo, 69 anos, nove casamentos, solteiro. Político. Inteligente. Passa o dia lendo, dormindo ou jogando cartas. Conversa pouco, mas nada político. Tudo para ele é uma questão administrativa. Um dia brinquei com ele. Dei uma de repórter e disse:
− O senhor faria tudo de novo?
Ele disse:
− Sim.
− Você se arrepende de alguma coisa? – perguntei.
E ele:
− Algumas eu poderia ter feito melhor; outras, não.
É um homem de muitos segredos, acredito que alguns irreveláveis. Ontem seu irmão foi liberado e solto. Durante toda a estadia do irmão, eles ficavam cada um do seu lado. Não vi nenhuma interação.