Wagner ajudou a desidratar discurso, que tinha versão ‘intermediária’ que poderia irritar Renan
A montanha pariu um rato. Primeiro, Dilma Rousseff não iria à conferência da ONU para não deixar Michel Temer assumir a presidência. Depois, resolveu assumir esse risco para “denunciar o golpe” diante das nações. Diante da evidência de que seria um tiro no pé e da reação imediata de ministros do STF, que declararam que […]
A montanha pariu um rato. Primeiro, Dilma Rousseff não iria à conferência da ONU para não deixar Michel Temer assumir a presidência. Depois, resolveu assumir esse risco para “denunciar o golpe” diante das nações.
Diante da evidência de que seria um tiro no pé e da reação imediata de ministros do STF, que declararam que não havia golpe em curso no país, o discurso começou a ser mitigado.
Numa versão mais branda, Dilma não falaria em golpe, mas ainda assim questionaria a legitimidade do processo de impeachment, pelo fato de ser conduzido por Eduardo Cunha.
Mas como ela não o citaria nominalmente, a menção ao fato de o processo ser pilotado por alguém investigado seria uma carapuça que poderia ser vestida também por Renan Caheiros, até aqui um aliado do Planalto. Melhor evitar.
Assim, na terceira versão, desidratada, Dilma preferiu falar sobre o clima — afinal, era o tema da reunião — e dizer apenas de passagem que o país não aceita “retrocessos”.
A atuação de Jaques Wagner foi fundamental para mitigar o discurso. Ao contrário do que se disse, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, era favorável à declaração internacional de que havia um golpe em curso.