A câmera de segurança do lugar onde foi realizada a festa do tesoureiro do PT no Paraná, Marcelo Arruda, registrou o momento em que ele e o apoiador de Jair Bolsonaro, o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho, trocaram tiros neste fim de semana. O aniversariante petista morreu. Inicialmente, a Polícia Civil informou que Guaranho também havia morrido, mas depois retificou a informação. Ele está internado em um hospital da cidade sob custódia da polícia.
Pelas imagens, é possível ver que o petista (no chão) já estava ferido quando é alvo de outros disparos do bolsonarista (de pé) e revida.
Em nota, a prefeitura de Foz do Iguaçu lamentou a morte de Arruda. Segundo a administração, o servidor era da primeira turma da Guarda Municipal e estava na corporação há 28 anos. O guarda municipal também era diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu e foi candidato a vice-prefeito da cidade em 2020.
“Agradecemos ao Marcelo Arruda por toda sua dedicação e comprometimento com o Município, o qual nesses 28 anos de funcionalismo público defendeu bravamente, tanto atuando na segurança como da defesa dos servidores municipais”, disse o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD).
Além da prefeitura de Foz do Iguaçu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann divulgaram nota sobre a tragédia. Abaixo, está a nota na íntegra de Gleisi:
Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política. Em plena celebração de seu aniversário, em que comemorava seus 50 anos com familiares, amigos e companheiros, em Foz do Iguaçu, PR, nosso Marcelo Arruda foi assassinado por um bolsonarista que, pouco antes, havia interrompido a festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes, familiares, amigos, companheiros ali reunidos, na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu.
Marcelo era guarda municipal e um grande militante do PT, tendo sido nosso candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020. As últimas imagens de sua vida, gravadas no momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente Lula.
Antes de ser assassinado com três tiros pelo policial penal fascista que o abordou no estacionamento, Marcelo tentou ainda se defender com a arma funcional que tinha em seu carro e reagiu. O assassino de Marcelo também veio a falecer. Marcelo, no seu ato derradeiro e heróico, salvou inúmeras vidas, pois o fascista também ameaçava e poderia ter assassinado a todos na festa, inclusive a sua família.
Desde o começo do ano, quando lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da violência política no país.
Embalados por um discurso de ódio e perigosamente armados pela política oficial do atual Presidente da República, que estimula cotidianamente o enfrentamento, o conflito, o ataque a adversários, quaisquer pessoas ensandecidas por esse projeto de morte e destruição vêm se transformando em agressores ou assassinos.
Marcelo estava na flor da idade, tinha uma vida pela frente com sua família, esposa e quatro filhos, a quem prestamos nossa total solidariedade e apoio, e sonhava com um Brasil justo e democrático, fraterno e solidário, que queria construir com o povo brasileiro a partir da derrota do fascismo e da eleição de Lula Presidente.
Basta de violência! Basta de destruição! É tempo de reconstrução e transformação do Brasil e das relações entre brasileiros e brasileiras! Vamos chorar e enterrar mais um companheiro que tombou vítima da violência política, basta!
Cobramos das autoridades de segurança pública medidas efetivas de prevenção e combate à violência política, e alertamos ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal para que coíbam firmemente toda e qualquer situação que alimente um clima de disputa violenta fora dos marcos da democracia e da civilidade. Iniciativas nesse sentido foram devidamente apontadas pelo PT em várias oportunidades, junto ao Congresso Nacional, o Ministério Público e o Poder Judiciário.
Marcelo, não esqueceremos de você, em sua memória continuaremos na luta contra a violência, a injustiça e a intolerância. Presente, hoje e sempre!
Gleisi Hoffmann, Presidenta Nacional do PT
Abdael Ambruster, Coordenador Nacional do Setorial de Segurança Pública do PT