O senador Renan Calheiros se manifestou neste domingo sobre o rompimento da mina 18 da Braskem. Ele articula uma Comissão Parlamentar de Inquérito a ser instalada na próxima terça-feira e diz uma CPI “técnica e isenta é indispensável”.
“Essa é uma tragédia anunciada de um crime continuado”, acusou Renan.
“A Braskem, como todo mundo sabe, cavou 35 minas em áreas densamente povoadas e dentro das lagoas. Quatro dessas minas estão desaparecidas. O povo de Alagoas não tem nada? É isso que vai sobrar para o povo de Alagoas? E para essa empresa? E para esses criminosos? O que vai acontecer?”, cobrou o senador.
“Nós precisamos dar uma resposta, como sociedade, como país, como população, como nação, como parlamento”, seguiu.
Renan criticou a mudança na biodiversidade que pode decorrer do rompimento da mina. Em contato com a Lagoa Mundaú, o sal-gema pode salinizar a água em níveis perigosos, alertam especialistas. Os impactos ambientais ainda não são calculáveis, mas o desabamento de bairros mostra que não serão pouco graves.
“Nós não estamos assistindo apenas o afundamento da mina 18. Nós estamos vendo o assassinato da lagoa Mundaú. Essa lagoa deu nome ao estado e foi, durante muito tempo, a maior produtora de proteína animal por metro cúbico do mundo”, lamentou o senador.
A crise na Braskem provocou também uma das maiores disputas regionais na arena política brasileira dos últimos anos. O prefeito João Henrique Caldas, de Maceió, que tem o apoio do presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, pediu uma reunião, inédita desde o agravamento dos impactos da mineração de sal-gema, com o governador de Alagoas Paulo Dantas, aliado de Calheiros.