Em toda sua longa aventura no Planalto, Jair Bolsonaro teve como espelho seu ídolo norte-americano Donald Trump. O ex-presidente norte-americano mergulhou nas tais fake news, atacou a China na pandemia e tentou desvirtuar as eleições com fantasias sobre fraudes na votação. Aqui no Brasil, Bolsonaro repetia os passos do guia com especial aplicação. Lá como cá, a coisa não terminou bem para a dupla. Ambos terminaram apeados do poder pelo eleitorado, sem a sonhada reeleição.
Agora, Bolsonaro prepara-se novamente para seguir Trump. O ex-presidente norte-americano tornou-se réu num processo criminal e já encara a Justiça nos Estados Unidos. Antes de prestar contas, no entanto, lançou uma dramática campanha de vitimização, anunciando previamente sua própria prisão nas redes, para convocar seus apoiadores a defendê-lo nas ruas.
Bolsonaro, segundo seus aliados, seguirá o mesmo caminho quando a Justiça começar a acertar as contas com ele. Braço-direito do ex-presidente no Planalto, o ex-ministro Ciro Nogueira deu a senha numa entrevista ao Globo. O repórter Lauriberto Pompeu perguntou ao ex-chefe da Casa Civil sobre o risco de inelegibilidade de Bolsonaro no TSE.
Nogueira lançou então o enredo “Bolsonaro injustiçado” que será usado pelo ex-presidente: “Vou ser muito franco: é mais fácil um Bolsonaro injustiçado eleger um presidente do que ele próprio ganhar em 2026. Ninguém vai admitir que um presidente, por conta de injustiça, seja tornado inelegível. Vai facilitar muito o trabalho da oposição se acontecer essa injustiça, mas espero que não aconteça”.
O caminho da vitimização e do discurso de perseguição judicial que se abre a Bolsonaro, como diz Nogueira, já foi usado por Lula para voltar ao poder. No caso do petista, ele conseguiu provar que seus acusadores de fato haviam desvirtuado o devido processo legal para colocá-lo na prisão. Bolsonaro terá vida mais dura.