Em setembro de 2021, a CPI da Pandemia no Senado estava a todo vapor quando o então senador Jorginho Mello (PL-SC) e o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), trocaram insultos de picareta e por pouco não foram às vias de fato. Bolsonarista, o catarinense foi chamado de “vagabundo” pelo alagoano e o chamou de “ladrão, picareta”, entre outros xingamentos.
Corta para março de 2023. Eleito governador de Santa Catarina no ano passado, Mello retornou à Brasília nesta quarta-feira para se reunir com o ministro dos Transportes do governo Lula. No caso, Renan Calheiros Filho (MDB), herdeiro do desafeto do ex-senador.
Acompanhado de parlamentares catarinenses, o governador foi ao ministério pedir a liberação de recursos para concluir obras nas rodovias federais no Estado — 1 bilhão de reais.
“Foi sobre um assunto recorrente, as nossas BRs, sobre o aporte de recursos nas obras para que continuem andando. Isso é necessário demais para não prejudicar nossa economia”, disse Mello, que era um dos mais senadores mais próximos a Bolsonaro. Ele também defendeu que a Ferrovia Leste-Oeste de Santa Catarina entre nos planos da pasta.
Também nesta quarta, Renan Calheiros recebeu no seu gabinete no Senado a inusitada visita do deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), bolsonarista de carteirinha que presidiu a Frente Parlamentar da Agropecuária nos últimos dois anos. O paranaense já virou a página e está tentando se aproximar do governo Lula. Ele foi ao encontro de Renan acompanhado do líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões Jr.
Nos corredores do Senado, já se comenta, em tom de brincadeira, que o gabinete de Renan está virando uma espécie de clínica de reabilitação de bolsonaristas arrependidos.