Leilão entre partidos desconstrói ainda mais imagem de Alckmin
Ex-governador perde o brilho pessoal ao abandonar discurso ideológico para flertar com siglas de centro, esquerda e até do centrão
Geraldo Alckmin perdeu parte de seus seguidores em São Paulo quando decidiu sair do PSDB.
Nessa fase, ele ainda garantia algum apoio de setores tucanos por ter a solidariedade de apoiadores que consideravam o ex-governador uma vítima do avanço de João Doria no partido.
A condição de forte candidato ao governo paulista logo aproximou Alckmin do PSD de Gilberto Kassab. Alckmin conversou, tirou fotos, pediu tempo para pensar, mas não saiu do lugar.
Em vez de lançar uma pré-candidatura contra Rodrigo Garcia, o escolhido de Doria para disputar o governo paulista pelo PSDB, Alckmin deu início a uma série de jantares sigilosos com Fernando Haddad.
O flerte com o PT acabou aproximando Alckmin de uma exótica aliança com Lula. Kassab e o PSD ficaram pelo caminho e lá se foi Alckmin flertar com o PSB.
Nessa altura do campeonato, prefeitos tucanos e aliados que lutaram historicamente para tirar o PT de prefeituras importantes no interior do estado tiraram Alckmin de sua agenda de contatos no celular.
Imaginar o ex-governador discursando ao lado de Lula num palanque era demais para essa turma, um misto de nomes conservadores de centro e antipetistas.
Queimando capital político com o flerte, Alckmin segue piscando para caciques partidários. Depois de iludir PSD e deixar o PSB em espera, sentou com Paulinho da Força para avaliar a proposta do Solidariedade.
O leilão político promovido pelo ex-governador afasta agora apoiadores mais resistentes, que mantinham a admiração pela figura pessoal de Alckmin. Ora flertando com o centro, ora com a esquerda ou com o centrão, o político Alckmin perde seu brilho ao demonstrar que é mais do mesmo para alguns aliados.
“É a negociata pela negociata, o poder pelo poder, sem qualquer orientação ideológica”, diz um ex-admirador de Alckmin.