O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que houve uma “tentativa de golpe” em 8 de janeiro de 2023 e, nas palavras do petista, o ex-presidente Jair Bolsonaro “deve ter participado”.
Ele deu a declaração em entrevista à rádio Itatiaia, já prevista na agenda de sua visita a Minas Gerais, na manhã em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, deu 24 horas para Bolsonaro entregar o passaporte à Polícia Federal. A operação também tem como alvos ex-assessores e aliados do ex-presidente.
“Acho que (o 8 de Janeiro) não teria acontecido sem ele”, disse Lula. “O que eu quero é que o seu Bolsonaro tenha presunção de inocência que eu não tive. O que eu quero é que seja investigado, seja apurado, quem tiver responsabilidade pelos seus erros, que pague pelos seus erros”, acrescentou.
O petista também comentou as diferentes linhas de investigação sobre os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes. “Nós queremos saber quem é que financiou, quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos para que a gente nunca mais permita o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro”, afirmou.
“Agora, as pessoas têm que aprender: eleição democrática a gente perde e a gente ganha, quando a gente perde, a gente lamenta. Quando a gente ganha, a gente toma posse e governa o país. O cidadão que estava no governo não estava preparado para ganhar, não estava preparado para perder, não estava preparado para sair. Tanto é que não teve nem coragem de me dar posse (inaudível) e foi embora para os Estados Unidos porque ele deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe”, disse Lula.
Tempus veritatis
A PF deflagrou nesta quinta uma megaoperação, batizada de Tempus Veritatis, contra uma organização criminosa que, segundo a corporação, atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para “obter vantagem de natureza política” com a manutenção de Bolsonaro no poder.
O ex-assessor para assuntos internacionais da Presidência Filipe Martins foi preso. Ex-assessor de Bolsonaro no Palácio do Planalto, o coronel Marcelo Câmara também foi detido, na capital federal. Os agentes ainda prenderam o major do Exército Rafael Martins de Oliveira.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, é alvo de buscas, que também ocorrem na sede do partido e em sua casa, em Brasília. Com ele, foi encontrada uma arma sem porte legal, que motivou sua prisão, além de ouro, cujo a origem é investigada.
Os generais Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e Augusto Heleno, que chefiou o GSI no seu governo, também foram visitados por policiais federais.
Outros alvos foram o almirante Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, que chegou a ser preso logo após o 8 de janeiro do ano passado.
Auxiliar de Bolsonaro até hoje, Tércio Arnaud teve o celular apreendido. Ao todo, são mais de 20 alvos.