O presidente Lula concedeu na manhã desta segunda-feira, dia 1º, uma entrevista à Rádio Princesa, de Feira de Santana (BA), a sua 11ª em duas semanas, e foi questionado sobre a preocupação do agronegócio e dos pecuaristas com a invasão de terras e de fazendas.
No início da sua resposta, o petista comentou ter ouvido recentemente o ministro da Agricultura, o “companheiro” Carlos Fávaro, dizer que “o agronegócio não deveria ter medo das ocupações do sem terra, porque quem está tomando terra deles hoje são os bancos, que compram o título da dívida agrária deles, e o banco quando compra o título é imperdoável, ele vai em cima e recebe ou toma a terra”.
Na sequência, ele declarou que o MST não invade terras no Brasil “faz muito tempo” — apesar de ter reclamado publicamente, há pouco mais de um ano, que o movimento “não precisa mais invadir terra”, em reação a ocupações ocorridas no chamado “abril vermelho”.
“Ora, faz tempo que os sem terra não invadem terra nesse país, faz muito tempo. Faz muito tempo que os sem-terra fizeram uma opção de se transformar em pequenos produtores altamente produtivos, inclusive é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, e colocar alimento saudável na mesa do povo trabalhador. Esse o trabalho dos sem terra, organizados em centenas de cooperativas pelo país, que estão produzindo de forma extraordinária”, declarou Lula.
Reforma agrária
O presidente comentou que a Constituição define como é feita a reforma agrária e quem vai pagar a terra e disse que, quando for necessário, o governo vai fazer.
“Esse pernambucano que vos fala foi presidente de 2003 a 2010. Pois bem. No meu período de governo, eu disponibilizei para efeito de reforma agrária 49 milhões de hectares de terra. Se você somar os meus 49 com mais 2 milhões e pouco que a Dilma fez, nós, nos mandatos do PT, colocamos disponível para assentamento de pessoas e para produção agrícola 50% de tudo que foi feito na história de 500 anos desse país. Sem nenhuma violência, porque eu fiz uma pesquisa se o povo queria a reforma agrária ampla e radical sob o controle dos trabalhadores e o povo queria uma reforma agrária pacífica e muito tranquila. E foi assim que nós fizemos”, relatou.
Agronegócio “bombando”
Para concluir, o presidente afirmou que “é por isso que o agronegócio está bombando hoje”, classificando a política de financiamento do governo como “extraordinária” e lembrando que o governo vai lançar o novo Plano Safra nesta quarta-feira.
“Nós já fizemos ano passado o maior programa, sabe, de financiamento da agricultura da história desse país. Vamos fazer agora, de manhã para o pequeno e médio proprietário, para a agricultura familiar, e vamos fazer de tarde para o agronegócio. Serão dois grandes programas de financiamento, juro subsidiado, para que as pessoas possam continuar trabalhando, porque eu acho que nós temos que levar em conta que o agronegócio hoje é responsável por grande parte da riqueza desse país e é importante que continue assim. Porque nós temos que alimentar 1 bilhão e 400 milhões de chineses, 1 bilhão e 400 milhões de indianos, um monte de gente espalhada pelo mundo, e o Brasil tem um potencial agrícola extraordinário”, disse Lula.