Jair Bolsonaro enfrenta duas questões importantes ao disputar com o cacique do PSL, Luciano Bivar, o controle do partido pelo qual chegou ao Palácio do Planalto.
O lado nobre do debate estaria no fato de o presidente querer controlar o partido para passar a utilizar seu orçamento invejável de 100 milhões de reais anuais na formação de uma estrutura partidária que confira alguma substância programática ao bolsonarismo.
Hoje, a fatia mais apegada a Bolsonaro não passa de uma massa de manobra ambulante presa a um barbante amarrado nos dedos de Bolsonaro e de Olavo de Carvalho, que ditam o show pelas redes sociais. Não há ideologia ou substância política nisso.
A turma de Bolsonaro afirma querer usar o dinheiro para criar uma fundação que forme seus filiados, estabeleça bandeiras mais sólidas de debate e secretarias setoriais que passem a adotar as visões ideológicas do bolsonarismo em debates sobre mulheres, negros, minorias, família…
Essa é a parte palatável da conversa. O lado B disso é o velho e bom caciquismo. Para ser eleito, Bolsonaro, é bom lembrar, precisou pegar carona num acordo obscuro com um partido de aluguel que estava fadado a morrer pela cláusula de barreira. Bivar entregou seu PSL ao presidente porque sabia disso.
O PSL de agora tem uma luxuosa sede no coração de Brasília, foi convertido em partido grande, com orçamento multimilionário. Por que Bivar entregaria seu negócio familiar de anos a Bolsonaro? Não é de hoje que essas legendas de aluguel são utilizadas como espécie de empresas familiares pelos caciques que empregam a parentada toda nos seus diretórios.
A ala que apoia o cacique pernambucano afirma que Bolsonaro ataca Bivar porque quer botar a mão na grana do partido para gerar mais um negócio familiar. Por esse ângulo, não há nobres nesse debate. Só a clara deformação do sistema partidário incapaz de evitar o uso de verbas públicas para toda sorte de interesses inconfessáveis.