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‘Delivery de propina’ em SC tinha dinheiro escondido em caixas de uísque

Delatora revelou ao MPF 'mesada' ao presidente da Assembleia, Júlio Garcia, ao ex-governador Raimundo Colombo e o ex-vice Pinho Moreira

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 out 2020, 14h28 - Publicado em 5 out 2020, 14h00
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  • Na delação premiada que fechou com o MPF, Michelle Guerra, ex-sócia do escritório do operador do esquema de corrupção no governo de Santa Catarina, revela em detalhes como se dava a distribuição da propina entre os envolvidos no esquema de fraudes em contratos públicos.

    Segundo Michelle, o escritório de fachada do ex-secretário adjunto de Administração do governo catarinense Nelson Castello Branco Nappi Júnior servia para esquentar o dinheiro sujo do esquema.

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    As empresas beneficiárias das fraudes em contratos públicos “contratavam” o escritório e repassavam a propina na forma de honorários. Segundo Michelle, ela sacava os valores no banco “na conta bancária do escritório, relativos aos pagamentos recebidos de empresas para as quais o escritório não prestou efetivamente qualquer serviço”.

    “Os valores eram entregues imediatamente para Nelson Nappi Júnior, tanto no próprio carro de Nelson, quando este a acompanhava até o banco, quanto no escritório, quando ela ia sozinha até o banco”, diz Michelle.

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    A delatora afirma nos depoimentos que o operador mencionou algumas vezes que o dinheiro sacado era destinado ao presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o deputado Júlio Garcia (PSD). A delatora também citou repasses feitos a emissários ex-vice-governador Eduardo Pinho Moreira. Um assessor direto do então governador Raimundo Colombo também é citado.

    A delatora conta que o dinheiro sujo, depois de sacado no banco, era dividido em quantias e guardado em envelopes, sacolas, caixas de uísque e até caixas de sapato. Em um dos depoimentos, a delatora, segundo os investigadores, “começa a descrever as diversas vindas de Nelson ao escritório com elevadas quantias de dinheiro – além daqueles saques em espécie que ela fazia –, para dividir, quando então solicitava elásticos, envelopes pardos, sacolas, caixas de whisky, caixas de sapato, para fazer a divisão do dinheiro. Mencionou uma oportunidade em que Nelson chegou no escritório com uma maleta azul, cheia de dinheiro, que Nelson afirmou conter R$ 300.000,00”.

    Os investigadores pediram que a delatora detalhasse como funcionava a divisão da propina. “Nelson lhe disse que ele precisava dividir, que esses valores eram ‘mesadas’ do ex-governador Raimundo Colombo, do ex-vice-governador Eduardo Pinho Moreira e também de Júlio Garcia”, diz a delatora.

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    Diante dos relatos, o MPF conclui na denúncia: “Por toda narrativa exposta nesse tópico e os respectivos elementos comprobatórios, ficou evidente o comando de Júlio Cesar Garcia sobre os assuntos internos da Secretaria de Estado da Administração do Estado de Santa Catarina, por intermédio de Nelson Nappi, seu articulador imediato, ou mesmo dirigindo-se ao secretário titular da pasta, o que permitiu seu comando direto nas fraudes e desvios de recursos públicos”.

    Michelle Guerra
    A delatora Michelle Guerra e seu advogado durante depoimento ao MPF (//Divulgação)
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