Denúncia da Federação Única dos Petroleiros mostra que, em apenas dois meses e dez dias, mais que dobrou o número de trabalhadores mortos por Covid-19 na Petrobras, segundo o Boletim de Monitoramento divulgado nesta terça pelo Ministério de Minas e Energia. São 45 óbitos registrados nesta semana, iniciada em 14 de junho, alta de 125% em relação às 20 mortes apuradas pelo ministério em 5 de abril.
Para piorar a situação, a estatal, segundo a entidade sindical, deu para replicar o tratamento precoce suicida do bolsonarismo. “A Petrobras está receitando Ivermectina para seus empregados, segundo comprova receita fornecida a trabalhadores da empresa contaminados ou com suspeita de contaminação pela doença. O Sindipetro-NF e a FUP vêm recebendo denúncias nesse sentido”, diz a entidade.
A OMS condena o uso de Ivermectina no tratamento para a Covid-19; além da comprovada ineficácia, existem os efeitos colaterais. A insistência neste tratamento contraria não só os protocolos dos órgãos de saúde mundial: a própria farmacêutica Merck, que fabrica o medicamento, declarou em comunicado oficial que, na análise de seus cientistas, não há eficácia no uso do medicamento para a Covid-19.
ATUALIZAÇÃO, 18H40 — A Petrobras enviou ao Radar a seguinte nota sobre a denúncia da federação: “Não há qualquer orientação corporativa quanto aos medicamentos a serem prescritos em caso de Covid-19, ou qualquer outra doença.A prescrição de medicamentos para qualquer enfermidade é de escolha e responsabilidade do profissional médico e está autonomia é assegurada pelo Código de Ética Médica. Os médicos da Petrobras têm como atribuição principal a saúde ocupacional e, durante a pandemia de Covid-19, atuam na construção e acompanhamento de medidas de prevenção. A prescrição de medicamentos para tratamento de Covid-19 é realizada apenas em situações pontuais. É sempre reforçada a recomendação de buscar o médico assistente para acompanhamento do tratamento, seja na rede pública ou particular conveniada.
Não é correto apontar uma situação específica de risco entre os colaboradores da companhia, já que eles não são um público isolado do cenário imposto pela pandemia. Os casos de contágio registrados seguem tendência semelhante às nacionais, sendo que o diagnóstico na Petrobras é mais preciso, pois os colaboradores são testados com maior frequência que a população em geral.
Mesmo com todo o protocolo de prevenção adotado nas unidades e recomendações de cuidados individuais regularmente emitidas pela companhia, os colaboradores estão sujeitos aos riscos também nos momentos de deslocamento, rotinas pessoais, folga ou mesmo no teletrabalho.”