Greta Gerwig, de 34 anos, é a atriz simpática e graciosa de filmes como Frances Ha. Agora, ela é também detentora de cinco indicações ao Oscar por seu primeiro trabalho-solo atrás da câmera. Lady Bird — A Hora de Voar (Lady Bird, Estados Unidos, 2017), que estreia nesta quinta-feira, não revela nela nenhum dom especial como cineasta. Apesar da muita festa que se faz ao filme, ele é apenas, como a diretora, simpático e gracioso. Grande cinema, não é. Nem muito original. Na história de referência autobiográfica também escrita por Greta, Saoirse Ronan faz Christine, uma garota da monótona Sacramento, na Califórnia, que está no limiar da vida adulta e afirma sua identidade em oposição à mãe (Laurie Metcalf), começando por rejeitar o nome que ela lhe deu e adotar o fantasioso Lady Bird. A mãe equilibra dois empregos, e é ansiosa, exigente. A filha se pretende livre e artística. Até o desfecho, cada uma delas entenderá um pouco mais sobre a outra. E pronto. É certo e necessário haver uma mulher na categoria de direção, mas a Academia retificou uma injustiça cometendo outra: Dee Rees, de Mudbound, que ficou de fora, é muito mais cineasta.
Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2018, edição nº 2569