Aliados pedem 120 dias de ‘silêncio’ a Bolsonaro
Leitura é de que o presidente cria problemas para a base ao tumultuar o ambiente político com ataques a tudo e a todos
A operação que costurou um novo período de moderação nas falas de Jair Bolsonaro deve ajudar a reduzir a pressão entre as instituições, mas foi tocada de forma calculada a evitar que o presidente boicote os planos de reeleição dos aliados no Congresso.
No centrão, é ponto pacífico que o estilo do presidente e sua perda de popularidade em todas as classes irão dificultar a busca de votos por quem apoiou esse governo. Basta ver o caso do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, que tentará uma vaga na Câmara no próximo ano, dado que já descarta reunir apoio popular em Pernambuco para seguir senador.
LEIA TAMBÉM: Escalada de ataques de Bolsonaro ao STF provoca reação inédita na Corte
A preocupação dos aliados de Bolsonaro é que o presidente tumultue tanto o ambiente político com essa coisa de fraude eleitoral, que a base termine sem resolver a questão social, vital para a reeleição. Como uma leva de partidos já se uniu para derrubar o voto impresso bolsonarista na Câmara e, no Senado, o tema provavelmente irá para a geladeira de Rodrigo Pacheco, o caminho é preservar o mínimo de paz no ambiente político para que a base vote as reformas e abra espaço orçamentário para pavimentar o novo Bolsa Família.
Se o governo se atrapalhar e o dinheiro não sair para o grande eleitorado humilde, a reeleição de Bolsonaro e de seus aliados ficará muito mais distante. Daí surgiu um pedido na conversa do presidente com Lira no Alvorada: os aliados desejam que Bolsonaro faça um “silêncio” de pelo menos 120 dias sem polêmicas nem ataques que desviem o foco das votações no Congresso. Será que Bolsonaro aguenta?