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A propina de Paulinho – parte 3 – O sonho da casa própria

O Radar teve acesso a centenas de páginas do processo sigiloso de delação de um empresário que incrimina o deputado na Justiça

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 dez 2019, 07h17 - Publicado em 20 dez 2019, 06h03
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  • A eleição de 2014 já havia terminado quando o empresário Leandro Aparecido da Silva Anastácio, dono da Nando´s Transportes, foi a São Paulo encontrar o deputado Paulinho da Força. Da propina de 3 milhões de reais paga pela JBS a partir de um contrato forjado (leia A propina de Paulinho — parte 1 — O acerto de Barretos), ainda restava muito dinheiro.

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    Depois de determinar que o empresário fizesse alguns repasses em dinheiro vivo e direcionasse 500.000 reais à empresa de publicidade da própria filha (leia A propina de Paulinho – parte 2 – 500.000 reais na conta da filha), Paulinho tinha novos planos para o dinheiro pago pela JBS.

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    A propina de Paulinho — parte 4 — Dinheiro vivo na sede do partido

    A ideia do cacique do Solidariedade, naquele encontro, era investir o dinheiro sujo no mercado imobiliário de São Paulo. Paulinho não tinha em mente nada muito extravagante, diga-se, queria apenas realizar o bom e velho sonho da casa própria.

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    Na sede do Solidariedade, em São Paulo, Paulinho, segundo o delator, chamou-o para uma sala reservada e perguntou sobre o saldo do dinheiro sujo da JBS e fez o pedido mágico ao empresário.

    “Ele me chamou numa sala reservada e me perguntou dos valores que estavam comigo e disse que havia uma intenção por parte dele de fazer a aquisição de um imóvel e (perguntou) se eu poderia fazer essa aquisição para ele”, disse Leandro Aparecido aos investigadores.

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    O empresário tentou resistir ao plano de se passar por laranja da compra do imóvel, mas o deputado não estava disposto a aceitar um não. “Ele insistiu e falou, olha, você não acha que daria para comprar um imóvel, uma residência, através da sua empresa de empreendimentos e posteriormente, no futuro, a gente faz uma simulação de uma venda e transfere pra mim, né… (sic)”, disse Paulinho, segundo o delator.

    Depois de o empresário aceitar que o dinheiro da JBS fosse repassado ao deputado por meio da compra de um imóvel, ficou combinado que Paulinho e a mulher dele, Samanta, procurariam o ninho ideal para se estabelecerem na capital paulista.

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    O deputado não demorou a encontrar a casa ideal e logo a negociação de compra — com formalização de proposta, negociação com imobiliária e formalização de contrato registradas em e-mail – foi deflagrada. A casa, avaliada em 1,1 milhão de reais, era uma construção simpática de dois andares com muros altos num terreno de 343 metros quadrados na rua Victor Dubrugas, entre Jardim da Glória e Vila Mariana.

    Na delação, o empresário registrou o constrangimento que passou no dia em que foi assinar o contrato de aquisição da casa na corretora. “No dia da assinatura, teve até um constrangimento porque a corretora perguntou se eu não iria conhecer o imóvel, né, e eu tive que falar que eu acreditava naquilo que o doutor estava fazendo, que era mais para investimento mesmo”, disse Leandro Aparecido.

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    O contrato da casa foi fechado em nome de outra empresa de Leandro Aparecido, a Lasa Empreendimentos. Para mascarar a operação e fazer com que a casa comprada com a propina da JBS fosse parar naturalmente no patrimônio de Paulinho, uma operação foi montada.

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    Logo depois de receber o imóvel, Leandro Aparecido foi orientado a elaborar um contrato de aluguel que teria o próprio Paulinho da Força como locatário. O contrato forjado, mais um documento falso nessa longa história, também foi apresentado pelo delator aos investigadores. Paulinho pagaria 4.000 reais de aluguel por mês durante três anos.

    Depois de uma longa e cara reforma, Paulinho e a mulher Samanta mudaram para o imóvel. O próprio empresário chegou a frequentar a casa do alegre casal. Paulinho da Força estava feliz e tinha a ideia de simular a compra. Para isso, pediu que o empresário fizesse uma proposta de venda da casa para que ele pudesse “aceitar” a oferta.

    “Vamos passar para o meu nome, mas antes de passar diretamente, eu vou ver se faço um financiamento. Você poderia me notificar para que eu fizesse, se eu tivesse interesse ou não de comprar o imóvel”, teria dito Paulinho ao delator.

    Essa proposta de venda da empresa ao deputado também foi entregue pelo delator aos investigadores. O plano de Paulinho, no entanto, acabou esbarrando em uma dura – e irônica — realidade, a falta de crédito. Paulinho até tentou buscar financiamento bancário para “comprar” o imóvel, mas não encontrou banco que topasse o risco de conceder o crédito.

    Sem dinheiro dos bancos para simular a compra, Paulinho seguiu morando na Casa como “locatário”, mas a felicidade não durou muito. Segundo o delator, depois de assumir a casa em fevereiro de 2015, o deputado viveu no lugar até maio de 2017, quando o jornalista Lauro Jardim revelou a existência da delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

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    “Tão logo foi deflagrada a publicidade da delação da JBS, 15 dias depois ele deixou o imóvel”, disse o delator, revelando que o deputado depois teria pressionado pela venda da casa e a devolução do dinheiro. Isso, porém, não aconteceu.

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