Haddad passa férias com desafio à vista enquanto BC colhe louros na semana
Inflação dentro da meta vem acompanhada de incerteza sobre folha de pagamentos
VEJA Mercado | Fechamento da semana | 8 a 12 de janeiro
A próxima semana promete ser trabalhosa para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está afastado da pasta por conta do período de férias. Haddad tenta avançar na cobrança de tributos sobre a folha de salários, medida altamente impopular no Congresso e já declinada pelos parlamentares. Segundo senadores que trataram da medida provisória de reoneração da folha com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o ministro deve mudar sua estratégia para que não seja necessário devolver a MP ao governo. Espera-se que a medida seja retirada pelo próprio governo, admitindo algum nível de derrota, e substituída por um projeto de lei — cuja forma de tramitação é considerada mais adequada. Na hipótese do contrário, um dos principais articuladores da desoneração da folha, o senador Efraim Filho (União-PB), acredita que Pacheco cortará as asas do governo devolvendo a peça legislativa. Haddad volta de férias na segunda-feira, 15, e deve se reunir com Pacheco para tratar do tema pouco depois.
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Enquanto o cenário se desenha em desfavor de Haddad, os maiores louros da última semana foram colhidos pelo Banco Central (BC). Pela primeira vez em dois anos, a inflação anual ficou abaixo do teto da meta perseguida pelo BC. Como divulgado pelo IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na quinta-feira, 11, os preços aumentaram 4,62% em 2023, sendo o teto da meta para o ano de 4,75%. Para o ex-presidente da autoridade monetária Henrique Meirelles, se trata de um mérito de toda a diretoria do BC, que resistiu a pressões políticas ao longo do último ano. “(O Banco Central) toma uma decisão não levando em conta o falatório, opiniões e diálogos. A decisão em si é totalmente técnica”, disse à coluna. A semana, no entanto, não foi de toda positiva para o BC. Servidores do órgão anunciaram a realização de uma greve na quinta-feira, 11, promovendo um “apagão” de serviços.
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No mercado financeiro, o início do ano tem sido um tanto quanto ameno, com os investidores no aguardo de maiores sinalizações para definirem onde alocar seus recursos. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro, caiu 0,78% na última semana. Parte do mercado segue realizando seus lucros obtidos ao final de 2023. Já o dólar saiu da cotação de 4,88 reais para 4,85 reais no acumulado da semana. Uma dos principais acontecimentos dos últimos dia para o mercado foi a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, que se mostrou mais controlada do que o esperado. A chamada inflação ao produtor, medida pelo Índice de Preço ao Produtor, caiu 0,1% em dezembro, contra uma expectativa de alta de 0,2%.
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