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Meirelles: Inflação dentro da meta é mérito do BC e conquista para o país

Ex-presidente do BC lembra que órgão sofreu pressão, mas falatório não influenciou decisões

Por Felipe Erlich Atualizado em 4 jun 2024, 09h36 - Publicado em 11 jan 2024, 15h44

A inflação para o ano de 2023 ficou abaixo do limite perseguido pelo Banco Central (BC), após dois anos de frustração para a política monetária do Brasil. Os preços subiram 4,62%  no período contra o teto de 4,75% estabelecido para a meta desse ano. Para o ex-presidente do Banco Central (2003-2011) e ex-ministro da Fazenda (2016-2018) Henrique Meirelles, trata-se de um marco valoroso para a economia nacional. “O cumprimento da meta é extremamente positivo e, realmente, uma conquista para o país. É o resultado de um trabalho bem feito do BC, que enfrentou uma série de pressões, como é normal quando é preciso subir juros para conter a inflação”, diz ao Radar Econômico.

O ex-ministro considera que o bom resultado da inflação é “basicamente mérito do BC”, apesar de alguns fatores externos ao órgão, como a queda do preço do petróleo, terem corroborado com o alívio nos preços. “Não é um mérito apenas do presidente, mas de toda a diretoria do BC”, diz. Também lembra que a autoridade monetária brasileira demonstrou competência ao elevar os juros antes de seus pares internacionais e agora promove cortes na hora certa, de modo a criar uma combinação positiva de corte de juros e queda da inflação em direção à meta.

Banco Central e governo Lula

Quanto à relação entre o Banco Central e o governo federal, que travou embates com o presidente do banco, Roberto Campos Neto, Meirelles diz que a atuação do órgão seguiu sem grandes complicações. “(A relação) parece complexa por conta dos diversos atores dando opiniões, mas na realidade é muito simples. O BC roda seus modelos de projeção de inflação e baseado nisso toma uma decisão, não levando em conta o falatório, opiniões e diálogos. A decisão em si é totalmente técnica”, diz ao pontuar que a independência do órgão em relação ao governo é fundamental.

Ações concretas, como a aprovação do arcabouço fiscal, patrocinada pelo ministro Fernando Haddad, e o perseguimento do déficit zero pela Fazenda, contudo, tem algum impacto nas modelagens do Banco Central, dado que essas têm o gasto público como variável. “O controle do déficit permite ao BC ter uma taxa de juros mais baixa do que teria na hipótese de não haver esse controle”, diz o ex-ministro.

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