Nos Estados Unidos, o carro mais vendido de todos os tempos não é um sedã confortável para a família ou um SUV robusto que encara qualquer terreno. É a F-150, a picape grande apresentada ao mundo pela Ford há 76 anos e que desde então ocupa a primeira posição da lista de mais vendidos. Foram mais de 41 milhões de unidades comercializadas desde 1948. O modelo voltou a ser comercializado por aqui no ano passado e o primeiro lote de 500 caminhonetes esgotou em tempo recorde. As primeiras 250 foram vendidas em menos uma hora no dia 14 de fevereiro de 2023. As outras 250 foram colocadas à venda dois dias depois e esgotaram em nove minutos.
Desde então, a F-150 passou por mudanças lá nos Estados Unidos, e as novas versões atualizadas começam a chegar aos compradores brasileiros agora, após uma pré-venda aberta em agosto. As novidades incluem nova grade e novos faróis, que agora têm um desenho que lembra a letra “F”. O motor Coyote V8 de 6.0 litros, 405 cavalos e 56,7 kgfm de torque, o mesmo da família do Mustang, foi mantido, combinado com um câmbio automático de 10 marchas capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos – feito impressionante para um veículo de quase 2,5 toneladas.
As novidades incluem ainda um tanque maior, de 136 litros. A justificativa é que os clientes desse tipo de caminhonete podem rodar por muitos quilômetros antes de encontrar um posto de combustível. Com um consumo na estrada de 8,6 km/l, a F-150 poderia rodar 1.135 quilômetros antes de precisar parar para abastecer, mas seria preciso gastar pouco mais de R$ 800 para encher o tanque, considerando o preço médio da gasolina em São Paulo (R$ 5,92). A F-150 também tem um novo head-up display, que exibe informações como a velocidade e a inclinação do carro, no modo off-road, diretamente no para-brisa. E a tampa da caçamba conta com um novo sistema de abertura, o Pro Access, que abre a porção central lateralmente, facilitando o acesso mesmo com um reboque engatado.
Mas como anda a nova F-150? Testamos a caminhonete grandalhona em um trajeto de pouco mais de 250 quilômetros, majoritariamente percorridos em um circuito rodoviário, com alguns trechos urbanos. O tamanho é, de fato, um problema nas ruas de São Paulo. É preciso tomar bastante cuidado para manobrar em ruas e espaços apertados, bem como na hora de fazer uma conversão ou trocar de faixa. Mas basta entrar em uma rodovia para perceber sua verdadeira vocação para a estrada. Além de confortável, ela tem potência de sobra. Seus 405 cavalos são mais que suficientes para garantir segurança em qualquer ultrapassagem. Apesar do tamanho, sua condução é suave e responsiva. É possível tratá-la como um gigante gentil, rodando tranquila no asfalto, ou de maneira mais “nervosa”, cortesia do motor de Mustang.
Há diferentes modos de condução, desde o normal, mais equilibrado, ao esportivo. Há modos que priorizam a tração nas quatro rodas, otimizadas para diferentes momentos de condução. Testamos a versão anterior em uma épica viagem de São Paulo a Brumadinho com destino ao museu a céu aberto Inhotim, com passagens por Belo Horizonte e outras cidades da região, e ficamos impressionados com o quão responsivos eram essas modos de condução – em situações de chuva intensas na estrada, por exemplo, ou em estradas de terra, vencidas com facilidade. Felizmente, esses bons recursos foram mantidos.
A Ford F-150 é vendida em duas versões, Lariat e Lariat Black, por R$ 519.990, mesmo valor da versão anterior disponível por aqui, a Platinum. As duas têm o mesmo pacote de equipamentos, mas a Black, como o nome já indica, tem acabamentos escurecidos, incluindo o logo oval da Ford, que troca o azul pelo preto. Por aqui, sua principal concorrente é a Ram 1500, que também foi recentemente renovada e chega agora ao país mais tecnológica, e é vendida em versões a partir e R$ 540.990.