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‘Largar tudo e viajar o mundo’ é só para quem tem pai rico

Não existe largar tudo do dia pra noite para o cara que é CLT ou para a menina que está desempregada

Por Matheus de Souza
Atualizado em 18 jan 2018, 20h21 - Publicado em 18 jan 2018, 20h19
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  • Há um certo fetichismo sobre esse negócio de largar tudo para viajar o mundo.

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    Tem o cara que largou tudo para morar em algum lugar remoto — no Sudeste Asiático, de preferência. Sempre há o relato de um casal que largou tudo para uma volta ao mundo — fazer isso numa Kombi é bônus. De vez em quando, surge um artigo sobre o emprego dos sonhos — tipo cuidar de alguma ilha paradisíaca no Pacífico.

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    Todo mundo quer uma vida perfeita, mas a grande verdade é que você só “larga tudo” se recebe uma herança ou tem pais ricos pra te bancar. Não existe largar tudo do dia pra noite para o cara que é CLT ou para a menina que está desempregada. Digo isso porque eu e minha esposa viramos, em menos de 12 meses, os típicos personagens da manchete “conheça o casal que largou tudo para viajar o mundo”. Basta olhar nossos perfis no Instagram aqui e aqui. O que vocês veem?

    É a tal da vida perfeita. E a “culpa” é nossa. Adoramos fotografia e, como qualquer ser humano, mostramos quase sempre as melhores passagens dos nossos dias. Quem nunca, não é? Mas a realidade vai muito além de bater foto fazendo carinho em elefante.

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    Pedindo as contas do jeito certo

    Existem os nômades digitais do “aí é fácil”. Porém, eles representam uma parcela mínima. O nomadismo digital é, principalmente, sobre como e com o que gastar seu salário.

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    Por muito tempo eu e minha esposa estivemos insatisfeitos em nossos empregos. Em 2015 decidimos mudar. Nos planejamos. Fizemos contas. E mais contas. No começo de 2017 tínhamos uma reserva financeira razoável. Só então saímos do emprego — percebem como o termo “largar tudo” não é apropriado? Mas e como fazer que alguém clique numa matéria com um título tão chato? “Casal faz planejamento, trabalha duro e dois anos depois colhe os frutos”.

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    Jogar tudo para o alto é se atirar no mercado sem paraquedas. E cair de cabeça. Em cima de algo pontiagudo — e enferrujado. Não faça isso. Não importa que diabos seu guru favorito diga.

    Muitos, na ânsia ter liberdade, saem de seus empregos sem pensar. Quando a grana acaba, logo precisam de um novo trabalho. Aceitam o primeiro que aparece e novamente se veem na mesma situação: estão insatisfeitos. É uma bola de neve.

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    Por isso, peça as contas do jeito certo. Calcule quanto você precisa para viver bem por ao menos 1 ano — pagar boletos, arcar com moradia, se alimentar e ter algum lazer. Continue no seu emprego e, quando tiver o montante, peça as contas. Largar tudo é bem mais entediante do que você imaginava, não é?

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    O mito das “férias eternas”

    Queríamos viajar sem ter de esperar o período de férias na firma — aliás, ter essa flexibilidade nos possibilita aproveitarmos promoções incríveis de passagens aéreas. Mas, antes de sermos nômades digitais, somos trabalhadores remotos. Quando estamos no Brasil, assim que o expediente acaba, ficamos em nosso apartamento fazendo coisas banais do dia a dia. Limpamos o apartamento, assistimos Netflix. Quando estamos fora, fazemos algum programa turístico. Daí as praias. Daí os elefantes.

    Como trabalhamos com prazos, podemos nos organizar para visitarmos um santuário de elefantes durante o dia e trabalharmos à noite. Para nós dois, é tudo o que sonhamos. Valeu a pena cada segundo de stress durante o período de planejamento. Mas largar tudo, no sentido literal da expressão, não vai resolver a vida de ninguém.

    Pelo contrário. Vai trazer mais problemas, mais contas para pagar e mais insatisfação.

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    *Texto originalmente publicado por Matheus de Souza em seu site. Editado para fins de concisão e clareza.

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