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Paris é uma Festa

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Histórias da cidade olímpica fora das arenas
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A imperdível praça onde cabeças rolaram em Paris

A Place de la Concorde é o cenário do skate, do breakdance e muito mais

Por Monica Weinberg, de Paris
28 jul 2024, 17h19

Maior praça de Paris, a Concorde ajuda a contar um arrepiante capítulo da história francesa – o período de terror da Revolução, quando a guilhotina instalada ali trabalhou a toda, ceifando a vida de 1 200 pessoas, entre 1792 e 1793. No rol, o casal real já sem trono, Luís XVI e Maria Antonieta, além de insurgentes famosos que viriam a cair em desgraça, como Danton e Robespierre.

Os livros de escola ensinam que o sangue era tanto que as manchas custaram a sair. Até trocaram o piso da praça, que agora escreve mais um episódio de sua saga – este revestido de alegria e leveza.

É nesse cartão-postal que atletas de modalidades incluídas no circuito olímpico para renovar o interesse pelos Jogos – skate, breakdance, basquete 3X3 (disputado por duas equipes de três jogadores cada) e BMX (categoria radical do ciclismo) – estão duelando por medalhas. Depois do bronze de Rayssa Leal, a Fadinha, segunda-feira 28 é a vez dos meninos do skate batalharem pelo pódio sob aquela moldura.

Caminhar pela praça do século XVIII, que nestes dias abriga uma área com concertos, exposições e uma zona onde dá para acompanhar o aquecimento dos atletas, é mergulhar num passado cheio de twists. A Concorde nasceu com o propósito de bajular Luís XV, que havia recém-curado de uma doença, plantando no centro sua estátua equestre.

Aí vieram os revolucionários, que não gostaram nada daquilo, e arrancaram o ostentoso símbolo da realeza, fundindo a peça para usar o material na produção de armas. Mais tarde, nas idas e vindas da monarquia, Charles X, o irmão de Luís XVI, mandou fincar justo no local onde ficava a guilhotina o longilíneo obelisco que domina a Concorde.

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Do Nilo ao Sena

A saga desse mimo que o vice-rei egípcio presenteou à França é um enredo à parte. A incrível jornada do obelisco que fazia par com outro (até hoje na porta do templo de Luxor, no Egito) durou dois anos. Dentro de um barco preparado para navegar por rios e mares, a joia dos tempos de Ramsés II, bem guardada em uma estrutura de madeira, flutuou pelo Nilo, abriu águas no Mediterraneo e, uma bela hora, desembocou no Sena.

O topo dourado, adição mais recente que substituiu a original, roubada ainda na Antiguidade, compõe uma linha imaginária com outros monumentos imperdíveis, que, no conjunto, promovem um passeio pelo tempo: de um lado está o Louvre, que faz lembrar o Antigo Regime, de outro o Arco do Triunfo, que exala o nacionalismo, e, mais atrás, vislumbra-se um outro arco, o de La Défense, que transporta, sem charme nem beleza, aos dias de hoje.

Por que não olhar em volta?

Uma vez na Concorde, que já foi praça Luís XV e da Revolução, vale voltar os olhos para o entorno. Dois edifícios geminados ao estilo neoclássico são icônicos. Um abriga o Hôtel Crillon, um dos mais luxuosos de Paris, de decoração tão celebrada que uma réplica de um de seus quartos Belle Époque foi montada no Metropolitan de Nova York.

Uma curiosa passagem num dos aposentos do hotel foi o encontro de Luís XVI, uma década antes da guilhotina, e Benjamin Franklin. Naquelas faustosas dependências seria assinado o tratado que reconhecia os Estados Unidos como país independente.

Colado ao Crillon, o Hôtel de La Marine, que alguns chamam de “mini Versalhes”, com suas 700 salas, já foi guarda-móveis da realeza, depois serviu de sede para o Ministério da Marinha. Hoje é um museu menos conhecido, mas que compensa um desvio.

Ele guarda preciosas obras e mobiliário dos séculos XVIII e XIX, além de abrigar a rica coleção Al Thani, com 4 000 peças do mundo todo. Não muito longe dali fica a Assembleia Nacional, que tem sido palco das reviravoltas da França moderna (algumas das mais recentes, aliás, bem que poderiam nunca ter existido).

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É cercada por todo esse cenário que alguns dos melhores atletas do planeta querem cravar o seu nome na história.

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