Assine VEJA por R$2,00/semana
Paraná Por VEJA Correspondentes Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens paranaenses. Por Guilherme Voitch, de Curitiba
Continua após publicidade

Bebê de um mês vai para a cadeia por causa de tornozeleira da mãe

Catadora de papel de papel teve problemas para recarregar equipamento e juiz entendeu que nascimento não justifica manter prisão domicilar

Por Guilherme Voitch Atualizado em 27 abr 2018, 17h48 - Publicado em 27 abr 2018, 16h40
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Uma bebê de apenas um mês de vida está detida com a mãe, sua única responsável legal, na Penitenciária Feminina do Paraná, em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, desde quarta-feira 25. A ordem de prisão foi dada pelo juiz Ronaldo Sansone Guerra, da Vara de Execução de Penas de Réus de Curitiba.

    Publicidade

    A mãe, uma catadora de papel de 33 anos, cumpria pena por roubo no regime semiaberto com o uso de tornozeleira eletrônica. Dependente química e analfabeta, ela diz não saber interpretar os sinais emitidos pelo aparelho e, por passar o dia na rua catando papel, não conseguia encontrar local para recarregar.

    Publicidade

    Ela deixou a tornozeleira desligada pelo menos 32 vezes. A moça esteve na presença do juiz em quatro oportunidades. Em todas, houve a manutenção do uso da tornozeleira como medida cautelar. No fim de março, porém, a 3.ª Câmara Criminal decidiu, por unanimidade, pela regressão de regime seguindo manifestação do Ministério Público.

    “Em que pesem as alegações de que sua função laboral com reciclagem tornaria impossível o carregamento do aparelho, a agravada não apresentou em nenhum momento qualquer planejamento para se adequar as imposições impostas pelo Juízo de Execução”, afirmou o relator do processo, Antonio Carlos Choma, juiz substituto em segundo grau. Na época da decisão, a ré ainda não tinha dado à luz.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Para a Defensoria Pública, a decisão não levou em conta as particularidades do caso. “Ela acabou sendo presa agora por conta das várias vezes que deixou o equipamento descarregar. Mas nunca foi um desligamento definitivo, o que poderia configurar uma forma de fuga. Fomos informados inclusive que ela tem também limitações cognitivas, de compreensão das regras”, diz André Giamberardino, coordenador do Núcleo de Política Criminal e Execução Penal da Defensoria Pública do Paraná.

    Na quinta-feira 26, a Defensoria Pública e o Ministério Público, que mudou seu entendimento sobre o caso depois de ter conhecimento sobre o nascimento da criança, pediram a volta da sentenciada à prisão domiciliar especial pelo período de seis meses, com uso de tornozeleira.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    O pedido foi negado pelo juiz. Ele entendeu que o fato de a catadora ter dado à luz a poucos dias não autoriza a prisão domiciliar. Procurado, o Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) afirmou em nota que a detenta encontra-se custodiada em uma ala materno-infantil da Penitenciária Feminina destinada ao atendimento exclusivo de presas gestantes e lactantes. “Mãe e criança passaram por avaliação médica e passam bem”, diz a nota.

    Acompanhamento

    Isabel Kugler Mendes, presidente do Conselho da Comunidade de Curitiba, organização da sociedade civil que faz o acompanhamento da execução penal na capital paranaense, afirma que a prisão da mãe com o bebê evidencia a falta de diálogo entre os estabelecimentos prisionais, as Varas de Infância e Execução Penal, e o Tribunal de Justiça do Paraná. 

    Publicidade

    “Quando falamos em sistema penitenciário temos que ter o mínimo de bom senso para avaliar individualmente os casos. Será que um acompanhamento coletivo da prefeitura e do Poder Judiciário não poderia impedir o retorno dela ao cárcere e a entrada de uma criança que não tem dois meses de vida?”, questiona.

    Continua após a publicidade

    De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre as 1.424 presas no Paraná, há dezesseis grávidas, sete lactantes e sete bebês vivendo no Complexo Médico Penal (CMP) ou na Penitenciária Feminina de Piraquara.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.