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Por Felipe Branco Cruz
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‘Rock não morreu para mim’, diz Steve Hackett, ex-guitarrista do Genesis

O músico, que já visitou o Brasil inúmeras vezes, fará três shows no país com o repertório na íntegra do ábum 'Seconds Out', do Genesis

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 out 2023, 15h48 - Publicado em 17 ago 2023, 09h00

Dono de solos memoráveis, Steve Hackett, de 73 anos, ganhou fama como guitarrista do Genesis, uma das mais importantes bandas de rock progressivo dos anos 1970. O músico tocou nos álbuns seminais do grupo britânico. Em 1977, a banda veio ao Brasil para uma turnê histórica pelo país. Desde então, Hackett guarda uma relação de amor com o país, com visitas regulares, seja para shows ou turismo. Ele retorna ao Brasil nesta semana para três shows: na sexta-feira, 18, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, no sábado, 19, na Praça do Relógio, na Praia de São Francisco, em Niterói, e no domingo, 20 de agosto, no Espaço Unimed, em São Paulo.

A nova turnê será baseada em um dos melhores álbuns ao vivo da banda, Seconds Out, de 1977, justamente o ano em que Genesis visitou o Brasil. O músico será acompanhado da banda cover argentina Genetic. Em entrevista a VEJA, Hackett falou sobre sua relação com o Brasil, comentou sobre o legado do rock progressivo e as turnês de despedida que inúmeras bandas, inclusive o Genesis, fazem frequentemente. Leia a seguir os principais trechos: 

Quase cinquenta anos atrás, o Genesis fez um histórico show no Brasil. Como é voltar ao país agora tocando o mesmo repertório daquela época? Fizemos dois shows no Maracanãzinho e também outros em São Paulo, Recife e Porto Alegre. Naquela época, o Genesis tocava mais nas rádios brasileiras do que nas rádios britânicas, o que é meio louco. A gente até tocava para grandes audiências na Inglaterra, mas não tocávamos nas rádios. Acho que para os brasileiros foi muito importante ver uma banda como a nossa ao vivo naquela época. A nossa popularidade só aumentou por aqui.

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O rock progressivo foi muito popular no Brasil e influenciou bandas de rock no país. O senhor acredita que o Genesis colaborou com isso? Acho que sim. Até porque há no Brasil uma sensibilidade jazzística e uma apreciação dessa música muito grande. Ouvia-se por aqui também muito Queen, Jeff Back e todos aqueles ótimos guitarristas. Acho que o brasileiro desenvolveu um grande amor pelo que a guitarra pode fazer. Viajei muito pelo Brasil e conheci excelentes guitarristas, como o maravilhoso Raphael Rabello (1962-1995), que tocava com o Ney Matogrosso. Conheci pessoalmente os dois. Brilhantes! Os ritmos que os brasileiros têm são maravilhosos e vocês têm uma rica herança musical que vai de Villa Lobos a Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Eu absolutamente adoro Orfeu Negro. E, claro, trabalhei com o Ritchie.

Ritchie se mudou para o Brasil e o disco de estreia dele em português, com Menina Veneno, ficou no topo das paradas em 1983. Como foi gravar com ele um álbum em português? Somos bons amigos. Naquela época a gente tocava com um monte de gente, como Jim Capaldi, do Traffic, depois conhecemos Steve Winwood. Gosto muito do que o Ritchie fez. Naquela época ele tentava um contrato com uma gravadora no Brasil e toquei com ele em Voo de Coração. Foi muito marcante para mim. Lembro que gravamos em um pequeno estúdio em um gravador de oito canais. Não havia muito dinheiro envolvido, mas havia muito amor. Acho que foi por isso que o disco foi direto para o topo das paradas. Fiquei muito feliz por ele.

O senhor tocará no Brasil a íntegra de Seconds Out, um álbum duplo gravado ao vivo em 1977. Como o senhor avalia aquele período para a banda? O álbum é um resumo de tudo o que fizemos na década de 1970 porque há muitos álbuns envolvidos, como Nursery Cryme, Foxtrot, Selling England by the Pound, The Lamb Lies Down on Broadway, A Trick of The Tail e Wind & Wuthering. Todos esses álbuns estão encapsulados em Second Out. Os melhores materiais desses discos saíram neste álbum ao vivo e ele ainda é ótimo. Eu o regravei recentemente com a minha banda que foi muito bem recebida pelos fãs. No resto do mundo, eu estou tocando na íntegra o disco Foxtrot, mas aqui no Brasil resolvi fazer diferente porque era o que eu fazia no Genesis em 1977, quando a banda tocou no Brasil pela primeira vez. Os integrantes do Genesis já disseram que não vão mais tocar junto, mas eu amo tocar essas músicas ao vivo e quero honrá-los. Esse disco ainda mora no meu coração. Li recentemente que John Lennon disse que o Genesis daquela época era o verdadeiro filho dos Beatles. Fiquei muito tocado quando li isso. Todas as evidências que chamaram a atenção de John Lennon também chamam a minha atenção. Não sou apenas um repositório de músicas do Genesis, eu também faço novos discos, mas esse disco é duplo, então não deixa muito espaço para eu tocar coisas da minha carreira solo. 

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Genesis fez no ano passado uma turnê de despedida. O que pensa de turnês como essas? Muitas pessoas fazem essas turnês de despedida, mas se reúnem novamente num momento posterior. Frank Sinatra fez isso. Aparentemente, a turnê de despedida de Elton John será a última. Eu me pergunto quanto tempo ele conseguirá ficar aposentado porque a música está no nosso sangue. É muito difícil para alguém como Phil Collins voltar a cantar porque ele está com problemas de saúde, mas em espírito, ele estaria no palco fazendo tudo de novo. O tempo não foi muito gentil com ele. Ele é, no entanto, um músico e um cantor incrível. Ele trabalhou muito e muito duro desde que era muito jovem. Quando você olha para trás e vê coisas que fizemos há 50 anos, é como um piscar de olhos. O que posso dizer é que ainda amo honrar esse material.

O senhor ainda mantém contato com Phil Collins e Peter Gabriel? Sim, falo sempre com Peter porque fazemos aniversário com um dia de diferença e sempre ligo para ele. Pete está em turnê agora. Sobre Phil, trocamos e-mails recentemente. Mandei uma mensagem para ele para falar sobre os problemas de saúde que ele está passando e esse inferno todo. Mandei uma mensagem de apoio e ele me respondeu. O Genesis foi uma banda repleta de bons músicos.

Ainda há espaço para o surgimento de novas bandas de rock progressivo? Dizem que o rock morreu. Não para mim. Eu mal posso esperar para pegar o violão todos os dias e tocar. Se eu não consigo chegar perto de um instrumento, eu pego um caderninho para escrever. A música é a minha tábua de salvação. Neste momento de turbulência política e ecológica, ser músico é o melhor trabalho que eu poderia ter. Acho que sou privilegiado por fazer o que eu faço. O subtexto do rock é reenergizar as pessoas para curá-las ou uni-las. Quando dizem que o rock morreu, eles estão completamente errados. As pessoas ainda escutam Beatles após 50 ou 60 anos depois. Crianças e idosos ainda escutam rock.

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