Aos 62 anos, Jon Bon Jovi mantém a boa forma e milhares de fãs — mas nem tudo são rosas. Com as cordas vocais afetadas, ele não sabe se continuará capaz de se apresentar ao vivo com a frequência de outrora, apesar de paixão de sobra e tratamentos de ponta. O tempo livre causado pela indisposição, por outro lado, lhe proporcionou o respiro necessário para revisitar mais de 40 anos de memórias sobre sua carreira e colegas, atividade que resultou no documentário Thank You, Goodnight: The Bon Jovi Story, disponível no streaming Star+. Em conversa com VEJA, o roqueiro e o documentarista Gotham Chopra comentam sobre o processo de pesquisa e o legado do grupo, figurinha carimbada do festival Rock in Rio.
Jon, estas são suas próprias memórias. Como é revê-las na terceira pessoa graças à quantidade de registros preservados? Não penso pelo lado da escala dos acontecimentos, mas é um tanto surreal se testemunhar em filmagens. É como ver sua vida toda antes da morte. O documentário encapsula minha vida inteira em quatro episódios, e creio que a sensação tenha sido a mesma para os outros membros da banda. Gotham capturou a essência da jornada.
Gotham, você tem um grande privilégio em relação a outros documentaristas, que é a quantidade de material pronto sobre a banda. Como foi destrinchar um arquivo tão vasto? Todos os membros do grupo cultivaram um acervo incrível ao longo dos anos e, como a banda foi um fenômeno nos anos 1980 e 1990, tive acesso a muitos programas de televisão, especialmente dos canais MTV e VH1. Poderíamos ter feito 14 episódios, mas enxugamos tudo para quatro. É um sonho realizado. Além disso, o Jon ainda está na ativa, é uma força imparável, o que dá ao filme uma certa urgência animadora.
Jon, documentários como esse podem acabar em pura reverência e nostalgia, então o que fizeram para garantir maior complexidade a Thank You, Goodnight? Todo o controle criativo estava nas mãos de Gotham, nenhum de nós sequer chegou perto da ilha de edição. Sentávamos para entrevistas, mas o resto estava nas mãos dele. Enquanto isso, continuei a viver minha vida, focando na minha saúde e em escrever o novo álbum. Minha maior contribuição ao resultado final foi pensar que devíamos registrar o aniversário de 40 anos da banda e que Gotham era o diretor certo para isso.
O documentário ainda mostra momentos delicados sobre a saúde do senhor. Você chegou a impor algum limite do que seria registrado? Não houveram limites. Apenas por certos instantes em Los Angeles, quando estava gravando demos e tendo problemas criativos, cheguei a pedir para Gotham sair da sala, após ele ter conseguido gravar tudo que precisava. Era uma questão de trabalho e foco, e a filmagem podia ser uma pequena distração.
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