Quando a axé music surgiu, nos anos 1980, com Luiz Caldas, o novo ritmo foi tratado pela crítica com desdém. O próprio nome do movimento, dado por um jornalista baiano que não suportava o ritmo, era uma chacota. A percepção sobre a música, uma mistura de samba-reggae com forró, começou a mudar uma década depois, quando uma jovem cantora de Juazeiro, no interior da Bahia, assumiu os vocais da banda Eva. Era Ivete Sangalo, que completa 50 anos nesta sexta-feira, 27.
Ivete, cuja afinação e potência vocal lhe permitem cantar de bossa nova a rock’n’roll, sempre disse com orgulho que, na realidade, ela é uma cantora de axé. E ponto final. De fato, foi graças ao seu carisma, simpatia e, principalmente, pela energia que passa para a plateia, seja em um Maracanã lotado ou em cima de um trio elétrico, que ela – ao lado de Margareth Menezes e Daniela Mercury – ajudou a transformar o carnaval de Salvador em patrimônio cultural do país. Mais que as duas outras estrelas do ramo, porém, foi Ivete quem consagrou em definitivo um certo estilo furacão das ruas: a capacidade de arrastar a multidão cantando, pulando e nunca deixando a peteca cair com seu vozeirão animado. Recentemente ela ainda atestou ter talento para outra função, a de apresentadora de TV. À frente do programa The Masked Singer Brasil, a cantora mostrou não só sua já conhecida desenvoltura de comunicadora, mas também qualidades de um bom apresentador, entre elas, a de servir de escada para deixar seus jurados e participantes brilharem, sem ofuscá-los.
Apaixonada por festas, a cantora já começou as comemorações de seu aniversário. Ganhou uma festa surpresa nesta semana e na sexta-feira fará um show em Juazeiro, que será transmitido pela TV Globo. A apresentação terá mais de três horas de duração e contará com Marcos Mion como mestre de cerimônia. O show faz parte da turnê Tudo Colorido, com canções de seus 28 anos de carreira, e passará por São Paulo, no dia 16 de junho, no festival Micareta São Paulo. Na mesma data, também no festival, se apresentarão Daniela Mercury e Luísa Sonza.
O repertório do show, que conta com mais de 50 músicas, é majoritariamente composto por canções da axé music e serve como um excelente resumo do que o ritmo produziu de mais relevante nos últimos 30 anos. Entre as canções estão clássicos do ritmo, como Faraó, Divindade do Egito, clássico de Olodum e Margareth Menezes, Baianidade Nagô, da Banda Mel, e We Are The World of Carnaval, do Asa de Águia, mas conta também com faixas que mostram o talento incontestável de Ivete, como A Lua Que eu Te Dei e Eva, do italiano Umberto Tozzi.
Aos 50 anos, a artista segue fazendo planos e já confirmou presença em quatro dias do carnaval de Salvador do ano que vem. Ironicamente, o único deslize nas comemorações veio da própria Globo, acusada de etarismo em uma chamada sobre o especial da cantora, ao dizer: “A gente sabe que não parece, mas a nossa Veveta está fazendo 50 anos”. Como a própria já atestou, alegria e energia não estão atreladas à idade.