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O Som e a Fúria

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A bizarra profecia de Nostradamus que já abalou o Rock in Rio

Quando o evento surgiu, em 1985, circulavam boatos de que uma grande reunião de jovens na América do Sul acabaria em tragédia

Por Amanda Capuano Atualizado em 29 out 2024, 11h21 - Publicado em 5 set 2022, 10h28
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  • Em 1985, a ideia de reunir 200 000 pessoas por dia para assistir às maiores bandas do mundo em solo brasileiro era um projeto que parecia megalomaníaco. Com uma aura quase mística, a primeira edição do Rock in Rio chegou cercada de altas expectativas. A maioria delas era positiva, mas uma exceção ameaçava atrapalhar a festa. Às vésperas do festival, circularam boatos sobre uma suposta profecia de Nostradamus prevendo que “um grande encontro de jovens na América do Sul perto do final do século terminaria com uma tragédia que causaria a morte de milhares de pessoas” – o público, é claro, juntou as peças e elegeu o Rock in Rio como local da catástrofe anunciada.

    Para a sorte dos organizadores, o medo não impediu que os fãs do rock comparecessem em peso a Jacarepaguá para assistir aos shows do Queen, Iron Maiden, AC/DC e outros astros da época. Mas havia, sim, uma clima de tensão no ar – e até a Igreja católica se meteu na história. Pouco antes do início do festival, o cardeal arcebispo D. Eugênio Sales divulgou uma nota condenando o evento e dizendo que o rock seria um estilo que agiria contra a moral, já que o gênero costumava ser ligado ao diabo.

    Houve, no entanto, quem resolvesse desafiar o universo e brincar com a situação. O cantor Eduardo Dusek aproveitou o furor da falsa profecia para fazer piada e promover uma de suas músicas, batizada com o nome do profeta. “Nostradamus gostava muito de rock’nroll”, disse no palco. A alemã Nina Hagen entrou no clima e disse em uma coletiva que um grande desastre seria positivo. “Trinta e cinco milhões de naves alienígenas estarão a postos para salvar a gente. Só os muito ruins não serão resgatados”, debochou ela.

    Para a sorte dos presentes, nenhuma tragédia se concretizou naquele ano. Na edição seguinte, em 1991, um novo boato voltou a ganhar força. Agora, a previsão dava conta de que o Maracanã iria desmoronar. A organização chegou até a fazer obras extras no estádio só para acalmar a população. De novo, nada aconteceu, e o festival segue firme e forte até hoje, sempre rendendo boas histórias.

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