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Um governo que veio para desmantelar tudo (por Helena Chagas)

Cavalo-de-pau no Bolsa Família

Por Helena Chagas
Atualizado em 30 jul 2020, 18h52 - Publicado em 11 jun 2020, 10h00
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  • Jair Bolsonaro mandou o pessoal se engomar, não falar palavrão nem meter o dedo no nariz, e mandou transmitir ao vivo a reunião ministerial para seu ministro da Economia, Paulo Guedes, falar dos planos de unificar os benefícios sociais num novo programa, o Renda Brasil, para substituir a marca petista do Bolsa Família. Bolsonaro – que por incrível que pareça ainda está de olho em 2022 – já queria há tempos um programa social para chamar de seu. Agora, quer usar a iniciativa como boia de salvação pós-pandemia para driblar o impopular mas inevitável fim do pagamento do auxílio emergencial e tentar enfrentar o crescente desgaste que as pesquisas detectaram em sua popularidade.

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    Mas o cavalo-de-pau que o governo se prepara para dar no Bolsa Família pode acabar sendo a medida mais desastrosa de sua gestão – e olha que não são poucas. Desastrosa não só para a imagem presidencial – que pouco importa – mas para 13 milhões de brasileiros que hoje sobrevivem graças ao Bolsa Família.

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    Não é trivial colocar de pé um programa de transferência de renda, que exige cadastro, fiscalização, capilaridade em todas as regiões pobres do país, comunicação e agilidade para fazer os recursos chegarem às mãos de quem precisa. Quem acompanhou a engenharia de construção do Bolsa Família sabe disso. Foram anos de trabalho e intensa pancadaria nos governos petistas até ficar claro que a coisa funcionava de verdade.

    Mais recentemente, toda a população brasileira – mesmo quem não recebe – testemunhou as dificuldades do governo Bolsonaro para fazer funcionar o auxílio emergencial de R$ 600 para os informais e desempregados da pandemia. Até hoje, aliás, milhões de pessoas que precisam não receberam, outros milhões fraudaram o sistema e a maioria, depois de quase três meses, só viu a cor de uma parcela.

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    O que o governo parece estar querendo fazer agora, com claros objetivos eleitorais, é juntar programas sociais existentes, que têm como carro-chefe o Bolsa Família, ao benefício emergencial que vem sendo pago sobretudo aos informais, e criar um programa permanente de renda mínima que tenha a sua marca.

    Palmas para qualquer brasileiro que, na trilha do ex-senador Eduardo Suplicy, queira criar, finalmente, um programa de renda – que alguns chamam de imposto de renda negativo – no país na iniquidade. Mas é enorme o risco de morrer na praia, desmantelando o Bolsa Família sem conseguir colocar nada no lugar. Antes de tudo, é preciso haver planejamento e estudo profundo nessas ações. Cada programa tem seu público específico e sua filosofia. O Bolsa, por exemplo, impõe condicionalidades como a frequência escolar e vacinação infantil, e tem foco sobretudo nas crianças. Dá prioridade às mães no pagamento do benefício.

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    Nada se falou sobre isso em relação ao programa novo. Aliás, nada se falou de nada além do nome e da suposta intenção de incluir os informais e desempregados que estão recebendo o auxílio emergencial. O risco maior desse movimento é contaminar um programa que funciona bem há anos com a confusão e o improviso que marcam quase tudo o que esse governo faz. Até porque a atual equipe econômica não é vocacionada para distribuir renda, e sim para cortar e ajustar contas. Simplesmente não sabe fazer.

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    Aliás, se algo fica claro na sequência das reuniões ministeriais exibidas, tanto no bem-educado convescote desta terça quanto na terapia de loucos de 22 de abril, é que o governo Bolsonaro não veio para construir. Não sabe formular, edificar, botar algo de pé. Veio para desmantelar tudo.

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    Helena Chagas é jornalista

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