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Receita para o desastre

Enganou-se quem quis

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 30 jul 2020, 19h29 - Publicado em 22 ago 2019, 07h00
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  • Primeiro você se elege sem dispor de um plano de governo e sem precisar debater as escassas, vagas e mal costuradas ideias que tinha. Uma vez empossado, tenta fazer o que lhe passa pela cabeça ou o que lhe sopram a cada instante. Natural que assim seja.

    À falta de uma equipe afiada para governar, improvisa. Cerca-se de auxiliares que sejam leais. Competência importa menos. E se alguns deles, por qualquer razão ou sem nenhuma, o decepciona, dispensa-os. Pessoas… Com é mesmo? São como fusíveis.

    Se lhe cobram provas ou evidências das afirmações mais disparatadas que oferece para distrair a massa ignara, responde: “Para quê provas? É a minha verdade”. Se anuncia uma medida errada, recua e diz que não é obrigado a saber de tudo. Ninguém é.

    Se os adversários se horrorizam com o que faz, é sinal de que está mais do que certo. E se aqui e ali contraria até mesmo os que o elegeram e o mimam, ora o problema é deles, e não seu. Se ficarem insatisfeitos, que escolham outro nome na próxima eleição.

    A imprensa não dá sossego? Tenta enfraquecê-la desacreditando-a. Estelionato eleitoral é fazer o contrário do que prometeu. Deixa de ser estelionato se chamado por outro nome. Como Nova Política em contraposição à Velha que deve ser banida por todos os meios.

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    A Nova Política favorece toda a sorte de vantagens para o reaparelhamento do Estado ao gosto do freguês, e também para que se teste e se possa ir além dos limites estabelecidos por leis que pedem para ser reescritas ou simplesmente ignoradas.

    Afinal, vale o quê? A vontade da maioria. À minoria resta a subordinação à espera do momento de reinventar-se para que se torne maioria outra vez. É assim por toda parte onde o voto decide, embora não fosse tal mal no tempo da ditadura…

    Se os demais poderes criam dificuldades à realização dos seus desejos, acusa-os de sabotá-lo e contra eles mobiliza seus devotos. Aponta-os como culpados pelo insucesso de ações destinadas a assegurar um futuro melhor para o país. Provas? Não precisa.

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    O que está por vir não o aflige. Não estava no seu plano chegar aonde chegou. Foi Deus que quis. E foi para beneficiar a família que se lançou candidato. Se Deus não quiser mais, irá para casa com a certeza de que pode ter sido tudo, menos um banana.

    É o que sempre foi, porra! Não escondeu quem era. Não pode ser responsabilizado pelo eventual engano alheio. Taokey? Taokey?

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