Cada um ao seu modo, dois demônios perturbam Geraldo Alckmin a poucos dias de sua estreia no rádio e na televisão como candidato do PSDB à presidência da República.
Um deles atende pelo nome de Michel Temer. Nada assusta mais Alckmin do que o perigo de vir a ser identificado durante a campanha como o candidato de Temer.
Haveria razões de sobra para isso. O PSDB apoiou o governo Temer. Os partidos que apoiam Alckmin são os mesmos que sustentam o governo Temer. E Temer, sabe-se bem…
O segundo demônio de Alckmin chama-se Fernando Henrique Cardoso. Sempre que pode, e mesmo quando não deveria, o ex-presidente dá um chega para lá em Alckmin.
Foi o que fez, e por pura maldade, ao sugerir a união do PSDB com o PT se essa se revelar a única maneira de evitar no segundo turno uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PSL).
Ora, Alckmin disputa com Bolsonaro parte dos eleitores que detestam o PT. Se se dissemina a suspeita de que PT e PSDB poderão marchar juntos, só Bolsonaro ganhará com isso.
De resto, a poucos minutos de o jogo começar para valer, caberia ao ex-presidente proclamar a certeza na vitória do candidato do seu partido. Seria a melhor maneira de ajudá-lo.
Mas quem disse que Fernando Henrique quer ajudar Alckmin? Ele só está interessado em retocar a própria biografia. Foi até aqui o único presidente da República eleito pelo PSDB.