Joaquim Barbosa implodiu-se. Aconteceu agora. Poderia acontecer durante a campanha à primeira provocação forte de algum adversário. Ou diante de uma simples pergunta embaraçosa feita por um jornalista.
Não era do ramo. Desprezava quem fosse. Não queria ser refém do sistema político apodrecido. Não acreditava que pudesse reformá-lo. A família era contra sua candidatura.
Saiu de cena com uma entrevista melancólica concedida a Lauro Jardim, de O Globo. Disse que vê três riscos no horizonte: a eleição de Jair Bolsonaro, ou a de Michel Temer, e espaço para um golpe militar.
Ora, se Bolsonaro se eleger foi porque teve mais votos. Temer, também. É do jogo democrático. Ou Joaquim acha que a democracia por aqui é tão frágil que não sobreviveria à eleição de um deles?
Não há risco de um golpe militar. Nem militares interessados em dar um golpe – salvo algumas figurinhas carimbadas que vestiram o pijama da aposentadoria, os sem soldados e sem armas.
Mas digamos que existissem os três riscos apontados por Joaquim. Um brasileiro responsável, com chances de se eleger, não estaria obrigado a sacrificar-se para exorcizar tais ameaças? Ou não é responsável.
Com seu gesto, Joaquim demonizou a política. Reforçou a certeza dos que a enxergam como uma profissão reservada a bandidos. E desestimulou o surgimento de novas, sinceras e bem intencionadas vocações.