E o presidente Jair Bolsonaro não perde uma chance de sabotar o combate à pandemia do coronavírus. Nada que surpreenda porque assim tem-se comportado desde que a chamou de “gripezinha”, e em dezembro último, disse que estava no seu “finalzinho”.
Na cerimônia de assinatura de inauguração de um trecho da ferrovia Norte-Sul em São Simão, Goiás, Bolsonaro elogiou os produtores rurais que, segundo ele, não ficaram em casa. E chamou de “covardes” os que fizeram o contrário.
“Vocês [produtores rurais] não ficaram em casa, não se acovardaram. Temos que enfrentar nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi, vamos ficar chorando até quando?” – provocou, acompanhado de 4 ministros, 2 deles militares.
E completou:
– Respeitar obviamente os mais idosos, aqueles que têm doenças. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”
Sem nunca ter parado para valer há mais de um ano, o Brasil está hoje em segundo lugar na lista de países com o maior número de mortos pelo vírus – 259.271 até ontem, sendo 1.910 nas últimas 24 horas. É o terceiro recorde batido em menos de uma semana.
Total de casos? 10.718.630 até ontem, 71.704 em 24 horas. Bolsonaro afirmou que o Brasil é o país que “mais está vacinando” contra o vírus. Ou mentiu ou enganou-se. É o 6º com maior número de doses de vacinas, e o 40º em percentual de vacinados.
Quando ele estimula as pessoas a desrespeitarem medidas de isolamento recomendadas em todas as partes do mundo e aqui adotadas por governadores e prefeitos na iminência de um apocalipse sanitário, estimula a que morram se necessário.
E depois se queixa de ser apontado como tão ou mais perigoso do que o vírus, ou como parceiro do vírus a quem concedeu passe livre para circular. Mas não é o que ele é mesmo pelo que fala, por não usar máscara e encabeçar aglomerações?
Atender às ordens universais do isolamento durante uma pandemia não é “frescura” nem “mimimi”, é cuidar da própria vida porque sem ela a economia também não se recupera. Será possível que Bolsonaro nada tenha aprendido nem esquecido sobre isso?
O mundo olha o Brasil com uma preocupação cada vez maior. Na direção que vai, se nada for feito de mais radical, o Brasil poderá em breve tornar-se o último depósito da Covid no planeta. Quem se arriscará a visitá-lo ou a fazer negócios com os brasileiros?