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Efeito pendular

Para promover a ruptura com velhas e nocivas práticas, adota-se o seu contrário absoluto

Por João Bosco Rabello
Atualizado em 4 jun 2024, 15h30 - Publicado em 5 out 2019, 10h00
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  • Ao criar um suspense e atrasar a conclusão da reforma da Previdência, o Senado deixou explícito que o fazia como alerta para a indiferença do governo com a relação institucional entre os dois poderes. Trocando em miúdos, o recado é o de que não há solução para as graves questões nacionais que exclua a via política.

    O episódio imediatamente fez ressurgir o compreensível fantasma do esquema “é dando que se recebe” que, na verdade, é a distorção da máxima franciscana, mas também da política no seu conceito de instrumento essencial às relações sociais.

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    As críticas ao comportamento do Senado, estimuladas pela memória recente do fisiologismo embutido no presidencialismo de coalizão, se avolumam na mídia profissional e nas redes sociais. O país, no entanto, vive a cilada da escolha entre um modelo de gestão de confronto ou de render-se ao fisiologismo. É um falso dilema.

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    A era dos extremos, a que se dedicou Eric Hobsbawm, se materializa neste século XXI no chamado efeito pendular. Para promover a ruptura com velhas e nocivas práticas, adota-se o seu contrário absoluto, refletido na intolerância com qualquer cenário anterior, movendo a gangorra para o extremo oposto, sem espaço para o seu centro de equilíbrio.

    Isso ocorre em todos os planos, a começar pela prioridade do governo na intensificação do confronto ideológico até o messianismo que caracteriza a ação do Ministério Público à frente da operação asséptica que conduz com apoio das instituições e da sociedade. São duas pontas desse processo, mas não as únicas. Suficientes, porém, para levar o país ao desafio de resgatar sua economia em meio a uma crise institucional de razoável proporção, em que se constrói um clima de demonização da política.

    O sentimento captado no Congresso é de que governo Bolsonaro decidiu não fazer política por entendê-la como a raiz de todos os males nacionais, desconsiderando a possibilidade de restaurar a sua forma republicana. Assim, distanciou-se do Legislativo como os “sãos” dos leprosos nos primórdios do cristianismo.

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    O avanço da corrupção nas duas últimas décadas, principalmente no âmbito político, explica essa aversão, presente não só no governo, mas em parte da sociedade – mas não a justifica como método permanente. O rigor no combate à corrupção não deve ter como sinônimo a intolerância com a política ou a subversão das leis para reverter seus maus índices.

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    Para entrar na rota do desenvolvimento, combinando recuperação da sua capacidade fiscal com redução das desigualdades, o país precisa de reformas além da promovida na previdência social. Com a fragmentação partidária materializada em 28 legendas e a exigência de quórum qualificado de 3/5 das duas casas legislativas, em dois turnos, não há possibilidade de se alcançar as metas necessárias sem fazer política.

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    Com indicadores fiscais estimando em R$ 6,8 trilhões os gastos do quadriênio, apenas 0,20% desse total para investimentos e uma dívida de 80% do PIB, não é possível imaginar saída sem um mínimo de unidade em torno da economia.

    Até aqui, o governo ainda chega próximo ao fim do ano parlamentar com um ganho significativo, que é a reforma da previdência. Porém, precisará de muito mais a partir de 2020, que já será um ano político contaminado pelas eleições municipais.

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    Um dos sinais mais contundentes do distanciamento do governo em relação ao Legislativo pode ser medido pelas poucas referências a ministros no âmbito congressual. Dos mais de 20, apenas três estão na rotina dos parlamentares – os da Saúde, Economia e Agricultura, nessa ordem de receptividade.

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    Sempre haverá fisiologismo, é inerente à condição humana. Mas uma boa dose de pragmatismo responsável pode gerar o movimento da gangorra de volta ao seu eixo de equilíbrio.

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    João Bosco Rabello é jornalista do site Capital Político (capitalpolitico.com

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