Esqueçam o que o presidente Jair Bolsonaro disse em campanha para se eleger. Avança o loteamento de cargos no governo em troca de apoio no Congresso para barrar um eventual pedido de impeachment, aprovar projetos e pôr novos aliados nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado.
Bolsonaro decidiu entregar ao Partido Liberal (PL) o comando do Banco do Nordeste, um ativo político cobiçado pelos políticos devido à sua forte presença junto a empresas e produtores rurais da única região onde ele foi derrotado nas eleições de 2018 por Fernando Haddad, candidato do PT.
O PL é do ex-deputado Valdemar Costa Neto, de triste memória. Em 2002, ele vendeu ao PT por R$ 6 milhões o apoio do partido à candidatura de Lula a presidente. Depois meteu-se no mensalão do PT – o pagamento a deputados com dinheiro público para aprovação de matérias do interesse do governo.
Denunciado à Justiça, Costa Neto foi condenado e preso. Ficou anos dentro de uma cela na Penitência da Papuda, em Brasília. De lá, continuou mandando no partido e negociando cargos nos governos Lula e Dilma. De outra cela, o ex-deputado Roberto Jefferson fez a mesma coisa – no seu caso, em nome do PTB.
Além da presidência do Banco do Nordeste, foram postas na mesa à espera de ofertas três vagas de diretores. PL e PTB fazem parte do Centrão, o bloco mais fisiológico de partidos sempre disposto a apoiar qualquer governo. Ali ele se aloja até o momento em que não dá mais – e então o abandona.
O Centrão não adere fechado a Bolsonaro. Parte dele se manterá independente no Congresso à espera do que possa aparecer de melhor no futuro.