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De sunga, na Bahia

MEMÓRIAS DO BLOG

Por Ricardo Noblat
Atualizado em 15 ago 2018, 12h00 - Publicado em 15 ago 2018, 12h00
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  • Texto do dia 15/08/2008

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    Você já foi à Bahia? Não? Então vá. Mas evite passar muito tempo para não correr o perigo de se encantar com o lugar e de nunca mais querer deixá-lo.

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    Escapei da Bahia por pouco. E não sei se fiz bem em escapar. Fui para Salvador em 1978 chefiar a sucursal da “Veja” depois de ter sido repórter da revista durante um ano na sucursal do Recife.

    Quando me vi no carnaval de 1980 vestido somente com uma cueca “Zorba” e pulando feito um louco no Baile dos Artistas do Teatro Vila Velha, concluí que estava na hora de pegar rapidinho um avião e me picar dali.

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    Um dos seqüestradores do embaixador norte-americano Charles Elbrick, o jornalista Fernando Gabeira, voltara do exílio sob o manto da anistia promulgada pelo presidente da República, general João Baptista Figueiredo.

    Gabeira chocara meio mundo no verão de 1979 ao lançar em Ipanema a moda de ir à praia trajando uma microscópica tanga de crochê.

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    Eu não tinha fantasia para ir ao baile – e era obrigatório o uso de fantasia. Fui de cueca “Zorba”, a mais recente invenção da indústria de cuecas. E tive de ouvir comentários do tipo “Está querendo imitar o Gabeira, né?”

    Era só o que faltava!

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    Desembarcara na cidade com uma carta escrita por dom Hélder Câmara me apresentando a dom Avelar Brandão Vilela, cardeal da Bahia, como “o amigo certo das horas incertas”. Quer dizer: um cidadão, no mínimo, respeitável.

    E agora o xodó de um bando de tias velhas, candidato a cobrir a política nacional em Brasília com a gravidade por ela requerida, ao invés de observar tudo à distância estava entregue à esbórnia no sentido mais escandaloso do termo.

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    Na Bahia tomei os dois únicos porres da minha vida – um deles de licor. Nunca bebera antes, salvo alguns goles de vinho de missa quando comunguei pela primeira vez.

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    O carnaval de 1980 entrou para a História como o da abertura política. O regime militar agonizava. Baixaria à cova com a eleição do presidente Tancredo Neves em janeiro de 1985 e a posse do vice José Sarney três meses depois. Tancredo morreu sem ter governado um só dia.

    A “Veja” cogitou dedicar sua reportagem de capa ao carnaval de Salvador, famoso por durar uma semana e atrair milhares de turistas. Desistiu quando recebeu o material que lhe enviamos – eu, o repórter Bob Fernandes e o fotógrafo Luciano Andrade.

    O material era indigesto para uma revista paulista e bem comportada como ela. Se “Veja” fosse editada no Rio de Janeiro talvez o material tivesse sido publicado. E por que não foi?

    Porque falava de sexo grupal praticado no meio da rua por um animado grupo de 13 pessoas; de desodorante “Avanço” cheirado até o último tubo na praça Castro Alves à falta do que mais houvesse para cheirar; e da sem-cerimônia do prefeito Mário Kertsz no trato com mulheres de todas as cores, credos e classes sociais – desde que bonitas e assanhadas.

    (Ricardo Noblat/Reprodução)
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