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Bolsonaro dá medo

O que o presidente e os seus falaram de besteira nesse período vai ficar para sempre impresso no anedotário do país.

Por Mary Zaidan
Atualizado em 30 jul 2020, 19h49 - Publicado em 14 abr 2019, 10h00
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  • O presidente Jair Bolsonaro não é de falar por muito tempo. Pelo menos em público. Seus discursos variam entre curtos e curtíssimos. Parece ter dificuldades de ir além dos 280 caracteres admitidos pelo Twitter, rede na qual se mostra plenamente à vontade. Nos dois ambientes – virtual e presencial – coleciona tropeços, alguns feios, mas passíveis de arrumação ou pedidos de desculpa. Agora, não. Com um simples telefonema, lá se foram R$ 32 bilhões da Petrobras. Prejuízo incorrigível.

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    Fora os esforços quase solitários do ministro da Economia, Paulo Guedes, nos primeiros 100 dias o governo Bolsonaro abusou da capacidade de errar.

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    Até Sérgio Moro, estrela de primeiríssima grandeza, teve de engolir sapos: uma lei de posse de armas mais ampla do que gostaria e a vergonha de desconvidar Ilona Szabó para uma suplência de um órgão consultivo. Por pura desavença ideológica dos filhos do presidente. Moro também se engasgou por seus próprios erros, o pior deles, a soberba, batendo de frente com o Congresso. Grave, mas remediável.

    O que o presidente e os seus falaram de besteira nesse período vai ficar para sempre impresso no anedotário do país. Mas, por mais vexatórias que sejam sandices como “nazismo é de esquerda”, preconizada pelo chanceler Ernesto Araújo e endossada por Bolsonaro em pleno Museu do Holocausto, em Israel, ou “o que é golden shower?”, questão formulada pelo presidente depois de tuitar vídeo obsceno durante o Carnaval, os danos foram maiores para os autores do que para o Brasil. Agora, não. São R$ 32 bilhões em apenas um dia, um telefonema.

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    Além do prejuízo à petroleira estatal, que tenta há mais de dois anos – e com algum sucesso – se recuperar dos desmandos que o PT impôs a ela, a interferência direta de Bolsonaro no preço do óleo diesel derruba qualquer discurso liberal. É o avesso perfeito de tudo aquilo que o ministro da Economia prega cotidianamente. Derrota Paulo Guedes. E os efeitos disso são imprevisíveis.

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    Bolsonaro até tentou consertar o que não tem conserto. Prejuízo confirmado, disse que sua intenção não era intervencionista, que só queria entender por que o diesel subiria acima da inflação. E tirou o corpo fora: “Já falei que não entendia de economia”. Bem, se não entendia, que ficasse quieto até consultar o seu Posto Ipiranga, que, nos Estados Unidos, pareceu surpreendido com o fato do chefe se intrometer na Petrobras.

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    Pior: ao mesmo tempo em que jurou não ser intervencionista, Bolsonaro convocou para terça-feira uma reunião com o presidente da Petrobras. Quer entender essa coisa dos preços. Ou seja: o país terá no mínimo mais dois dias de mercado e petroleira sangrando, emergência que exigirá esforços extraordinários do bombeiro Guedes.

    Bolsonaro se mostra como tosco e desarticulado. Pode até ser real. Ou não.

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    Se é fato que não tem experiência administrativa e nenhuma intimidade com as tarefas executivas, gosta do poder, adora mandar.

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    Age com a bula dos populistas, com a linguagem que o povão entende. Pouco importa se a Petrobras perdeu R$ 32 bilhões. Ele, o mito, impediu que o diesel subisse. Ele, o mito, liberou armas de fogo. Ele, o mito, vai dobrar a pontuação da CNH, permitindo acumular mais multas sem cassação da carteira, e impedir a instalação de radares nas estradas. Na contramão de todos os países desenvolvidos que endurecem a legislação em nome da proteção à vida.

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    Ele, o mito, admite ser candidato à reeleição, instrumento que sempre repudiou e prometeu acabar. Não importa o prejuízo.

    Dá medo.

    Mary Zaidan é jornalista

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