Com a discrição que o momento requer, bolsonaristas de raiz, bolsonaristas de ocasião e até auxiliares do presidente da República comemoram a prisão do ex-presidente Michel Temer.
A hora não poderia ter sido melhor, segundo muitos deles. A aprovação do governo desabou. Ainda repercute o servilismo de Bolsonaro diante do presidente americano Donald Trump.
Nuvens pesadas ameaçam no Congresso a sorte da reforma da Previdência. Bolsonaro está sob forte pressão para entregar cargos aos partidos. E o ministro Sergio Moro, da Justiça, em baixa.
Moro foi alvo, ontem, de uma explosão de raiva do deputado Rodrigo Maia (DEM-Rio), presidente da Câmara. Maia não gostou de ele ter pedido urgência na votação do seu pacote anticrime.
O ex-ministro Moreira Franco, das Minas e Energia, preso também nesta manhã, é casado com a mãe da mulher de Maia. Moreira e Maia foram parceiros em vários momentos do governo Temer.
Maia é quem mais tem se destacado no Congresso como defensor da reforma da Previdência. Em troca, cobra concessões do governo aos partidos, o que incomoda e assusta Bolsonaro.
O autor das prisões de Temer e de Moreira foi o juiz federal Marcelo Bretas, o comandante da Lava Jato no Rio. Bolsonaro pensa em indicá-lo para ministro de algum tribunal superior.
Dezenas de pessoas presas por ordem de Bretas no ano passado acabaram soltas por decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, conselheiro informal de Temer.
É em Gilmar que Temer e Moreira depositam a esperança de serem soltos em breve. A prisão dos dois é mais um sinal de que Lula mofará no cárcere de Curitiba, como deseja Bolsonaro.