Assine VEJA por R$2,00/semana
Noblat Por Coluna O primeiro blog brasileiro com notícias e comentários diários sobre o que acontece na política. No ar desde 2004. Por Ricardo Noblat. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
Continua após publicidade

A luta entre razão e emoção

O voto sai do coração

Por Gaudêncio Torquato
Atualizado em 30 jul 2020, 19h13 - Publicado em 12 jan 2020, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O mote da década de 50 acompanhou por anos a vida dos consumidores: “vale quanto pesa”. O símbolo da balança na embalagem garantia a legitimidade do sabonete e reforçava o conceito da “verdade verdadeira”. De lá para cá, a verdade passou a perder substantivos e a ganhar superlativos, dando vazão ao bordão desses tempos virtuais: “vale muito mais do que pesa”. Que embala propagandas, expressões sobre pessoas, políticos, jogadores de futebol etc.

    Publicidade

    E cai bem no momento em que a política começa a rejeitar velhos paradigmas.  Nesse ano eleitoral, enquanto o superlativo dominará a política, a verdade se cobrirá de fake news, dividindo os mundos real e virtual, a serem guiados por três ferramentas cognitivas: a razão, a emoção e a polarização.

    Publicidade

    O cenário da razão abriga eleitores conscientes, autônomos, que já não agem ao estilo “Maria vai com as outras”. Esse campo disputará o processo decisório com o da emoção. Basta medir a temperatura ou ver o desfile de adjetivos nas redes sociais entre bolsonaristas e oposicionistas.

    Indignação, revolta, ódio se amalgamam nas bandas que dividem a sociedade: os adeptos do presidente Jair; os oposicionistas que não leem pela cartilha da direita-radical-conservadora; e os centristas, que olham em volta à procura de novos protagonistas.

    Publicidade

    Bolsonaro e Lula lideram o cabo de guerra, com linguagem embalada em celofane emotivo. Ambos se esforçam para antecipar a campanha usando metralhadoras expressivas para agregar parceiros e encantar as turbas com uma semântica desarrumada e destemperada.

    Continua após a publicidade

    Ora, quando falta razão, valem-se da emoção em mensagem subliminar, querendo dizer “somos gente como vocês”. Metáforas se produzem aos montes para garantir um suporte de simpatia.

    Publicidade

    Mas a movimentação social no Brasil mostra que a razão, no processo de tomada de decisões, amplia adeptos até nos setores populares, tradicionalmente emotivos. Os comportamentos racionais hoje em dia indicam reordenamento de valores, princípios e visões dos grupamentos sociais sobre sua cidadania.

    É o caso de perguntar: que vetor influenciará mais na campanha deste ano? Atente-se para o ethos nacional, que agrega valores como cordialidade, improvisação, exagero, paixão, solidariedade. A “alma caliente” dos trópicos se contrapõe à frieza anglo-saxã. Ou seja, a emoção ganha da razão.

    Publicidade

    Mas o processo racional se expande ao correr do avanço civilizatório. As mudanças começam no campo individual. A pessoa, escondida no anonimato, descobre que pode ser cidadã. A cidadania deixa de ser bandeira de instituições e se torna desejo. Isto é, amplia-se a consciência do “EU” em contraponto ao conceito do “NÓS”, esteira da propaganda política.

    Continua após a publicidade

    Maior autonomia desenvolve autogestão técnica, pela qual os indivíduos traçam rumos e selecionam meios de atingir seu intento. As pessoas já não aceitam as regras do poder normativo e fogem dos “currais” psicológicos que enclausuram pensamentos.

    Publicidade

    O campo social alarga os discursos, propicia a rebeldia das formas e provoca a rejeição a tudo que se assemelhe a totalizações. Classes sociais e categorias profissionais desfraldam suas bandeiras.  Se muitos ainda votam com a emoção, outros fazem uso da razão: o voto sai do coração para subir à cabeça.

    Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político 

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.