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Trump já está eleito? Com todas as ressalvas de praxe, é bem possível

Não é só nas pesquisas de voto: ele está na frente em todos os quesitos que o comparam a Biden, inclusive na melhoria de vida dos eleitores

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 6 mar 2024, 07h21 - Publicado em 6 mar 2024, 06h45

Teriam os americanos sido abduzidos em massa por extraterrestres e convencidos a votar num sujeito que vai levá-los a guerras, miséria, repressão, falta de democracia e outras desgraças?

Essa é a impressão transmitida pela maioria dos meios de comunicação dos Estados Unidos, que torcem abertamente por Joe Biden, mesmo reconhecendo que, aos olhos do eleitorado, ele está velho demais e sem a energia necessária para comandar o mundo livre.

Como também têm medo de errar de novo, da mesma forma que aconteceu na primeira eleição de Trump, e perder a credibilidade, os veículos dominantes fazem pesquisas como esta do New York Times: “Se a eleição fosse hoje, em qual candidato você votaria?”. Resultado: Trump com 48% e Biden com 43%. Dá até um pouco de pena ver o Times, tão antitrumpista, publicar resultados assim.

E não são preferências sem fundamento, decorrentes apenas da rejeição à idade de Biden ou da impressão de que os adversários estão tentando ganhar fora do campo, como nas tentativas – rejeitadas por unanimidade pela Suprema Corte – de proibir a sua candidatura com base numa interpretação distorcida de um artigo da constituição.

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A pesquisa do Times mostra mais do que o dobro dos eleitores acha que foi pessoalmente ajudado pelas políticas de Trump. O resultado é de 44%, contra 18% para Biden.

GUINADA HISPÂNICA

Note-se que os dois presidentes gastaram horrores, sem nenhuma consideração pelo tamanho da conta (a dívida americana cresce 1 trilhão de dólares a cada cem dias), mas Biden foi o gastador mais prolífico. A chuva de dinheiro ajudou o PIB a crescer 2,5%, uma enormidade numa economia do tamanho da americana, na casa dos 27 trilhões de dólares.

Mas os eleitores continuam a achar que Trump foi melhor para eles. O fenômeno acontece em todas as faixas etárias e classificações raciais. Dos brancos, 44% se sentiram mais beneficiados com o ex-presidente, contra 19% para Biden. Negros: 26% contra 17%. Hispânicos: 37% contra 15%.

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Nesse universo, a pesquisa mostra uma guinada impressionante. Trump já está à frente de Biden entre os eleitores hispânicos por 46% a 40%. Em 2020, Biden ganhou 59% dos votos hispânicos, contra 38% para Trump.

Outras pesquisas mostram a mesma tendência, embora a mídia retrate Trump como um ditador que vai perseguir os pobres imigrantes ilegais. Embora sejam favoráveis à legalização dos que estão no país irregularmente, identificando-se com a luta pelo sonho americano, os eleitores latinos também consideram insustentável a situação de entrada em massa de milhões de pessoas pela fronteira com o México. Muitos também veem que a imigração tradicional, originária do México e da América Central, hoje foi substituída por africanos, afegãos, sírios, chineses e até russos.

ABSURDOS RETÓRICOS

É possível que o grande destaque dado pelos veículos tradicionais aos processos civis e criminais contra Trump tenha tido efeito contrário, “normalizando-os” aos olhos de um eleitorado cuja preocupação principal continua a ser o poder de compra. Se todo dia Trump está para ser enterrado definitivamente, e isso nunca acontece, muitas pessoas também podem achar que ele está sendo perseguido – o exato efeito que o ex-presidente procura.

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Alguns exageros entram no campo do absurdo. Joe Scarborough, de um conhecido programa matinal da MSNBC (o favorito de Joe Biden), chegou a dizer que se Trump for eleito vai “prender, executar, expulsar do país” pessoas caídas em desgraça. “Olhem para o passado dele”, argumentou o apresentador.

Nem é preciso dizer que Trump nunca fez isso e, mesmo que quisesse, todos os mecanismos democráticos o impediriam de qualquer abuso.

Se pudesse, Trump sairia da linha e procuraria vingança? É possível que sim. Mas não pode e não poderá se exceder. Fazer esse tipo de especulação obscurece assuntos importantes, inclusive qual seria sua conduta em relação à guerra da Ucrânia e ao apoio a Israel. Apesar da retórica contorcida, sem falar no fraco que sempre demonstrou ter por Vladimir Putin, Trump não mudou substancialmente a política externa americana. No Oriente Médio, a estratégia de promover a normalização com Israel de aliados árabes funcionou bem e tinha espaço para avançar.

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PÉ DA LETRA

O que ele vai fazer, se for eleito, diante dos novos problemas é um enigma.

“Nunca teria acontecido se eu fosse presidente”, disse ele ontem sobre o ataque do Hamas que desencadeou a guerra. “O Irã estava quebrado, não tinha dinheiro para o Hamas, para o Hezbollah”.

“Não teriam feito isso comigo. Eu garanto. Fizeram isso porque não respeitam Biden”.

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“E a Rússia nunca teria atacado a Ucrânia. Nunca”.

O que tem de realidade nisso? Muito pouco.

Da primeira vez em que Trump foi eleito, a jornalista Salena Zito deixou uma análise exemplar: a grande imprensa não o levou a sério e entendeu ao pé da letra todos os absurdos retóricos em que é tão pródigo; já seus eleitores, o levaram a sério, mas não ao pé da letra.

Pode ser que isso esteja acontecendo de novo. Ou então são os extraterrestres em ação.

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